Tropa de elite alemã invade Londres, e Schalke 04 derrota o Arsenal
Com performance impressionante de sua torcida, equipe de
Gelsenkirchen faz 2 a 0, gols dos holandeses Huntellar e Afellay, e
lidera Grupo B
Um jogo sem graça dentro de campo que acabou com vitória de quem foi
imensamente superior na arquibancada. E não estamos falando de números.
Os torcedores do Arsenal até lotaram o Emirates Stadium, nesta
quarta-feira, para a partida contra o Schalke, pela terceira rodada do
Grupo B da Liga dos Campeões da Europa, mas foram "engolidos" por uma
minoria de azul que cantou, em alto e bom som, durante os 90 minutos. A
recompensa veio no fim, com os gols de Huntellar e Afellay, que
garantiram a vitória por 2 a 0 dos visitantes, agora líderes da chave.
A vitória coroa uma semana mágica para a turma azul de Gelsenkirchen,
que já tinha vencido o Borussia Dortmund, fora de casa, em clássico pela
Bundesliga, no último fim de semana. Extasiados, os "soldados" do
Schalke responsáveis pela invasão em Londres comemoraram com cantos na
melodia da música tema do filme "Tropa de Elite". Após o apito final, os
jogadores reconheceram o mérito dos fãs, pularam as placas de
publicidade e aplaudiram e cumprimentaram alguns torcedores.
Huntelaar comemora gol do Schalke contra o Arsenal (Foto: Reuters)
O resultado leva os alemães ao topo da chave, com sete pontos. Os
Gunners, com seis, estão em segundo. Situação até certo ponto cômoda, já
que Olympiacos é o terceiro com apenas três, enquanto o lanterna
Montpellier tem um.
Na próxima rodada, os confrontos se repetem, com mandos invertidos: o
Arsenal vai até a Alemanha tentar dar o troco no Schalke, enquanto
Olympiacos recebe o Montpellier na Grécia.
Torcida do Schalke no Emirates (Foto: Reuters)
Torcida do Schalke faz barulho
Líderes com 100% de aproveitamento, os fãs do Arsenal lotaram o
Emirates Stadium para enfrentar o adversário mais complicado do grupo.
Entretanto, se o apoio do torcedor pôde ser visto pelo mar vermelho que
tomou conta das arquibancadas, pouco foi ouvido. Espremidos no canto
direito das cabines de televisão, alemães vestidos de azul eram minoria,
mas faziam um barulho inacreditável. Logo ao lado do goleiro
Unnerstall, pareciam proteger no grito a meta do Schalke e fortaleciam
uma muralha que dificultou bastante as ações dos Gunners.
Com
Podolski,
Cazorla e Ramsey alinhados no setor ofensivo, e Gervinho com sua
correria na frente, o Arsenal teve amplo domínio de bola no começo do
jogo, mas pouco criou. Donos do meio-campo, os ingleses iam bem até a
intermediária, quando paravam no muro azul. O Schalke, por sua vez,
tinha tática bem clara: defender e apostar nos holandeses Afellay e
Huntelaar. Aos 14, quase que a estratégia deu certo.
Jenkinson, do Arsenal, disputa jogada com Lewis Holtby, do Shalke 04 (Foto: AP)
Após escapulida em velocidade, o ex-jogador do Barcelona aproveitou
momento de incerteza de Mertesacker e recebeu passe longo na frente de
Mannone. Em velocidade, tirou do goleiro adversário, mas, antes do
choque, que seria inevitável, optou por dobrar o joelho. Lance duvidoso,
que o árbitro Jonas Eriksson, da Suécia, não marcou e ainda aplicou o
cartão por simulação.
Mais eficiente do quarteto ofensivo vermelho, Podolski deu o troco
minutos depois. Em boa jogada, foi até a linha de fundo, invadiu a área e
cruzou rasteiro. Faltou, no entanto, um camisa 9 para empurrar a bola
para o fundo das redes. Com raros momentos de perigo, o jogo tinha
momentos monótonos, com disputas no meio-campo. Independentemente do que
acontecesse, porém, os homens de azul no canto do estádio não paravam
de cantar.
Uchida e Podolski duelam no Emirates (Reuters)
Nem mesmo quando Cazorla, cansado de parar no ferrolho alemão, optou
por chutar de fora da área e assustou Unnerstall, os torcedores do
Schalke se calaram. Frios e ansiosos pelo primeiro gol, os Gunners não
conseguiam brigar no gogó e se restringiam a gritos nos lances de
perigo. Raros, é verdade, e, em sua maioria, pelas pontas, com
cruzamentos que não achavam ninguém na área.
Farfán dá trabalho a André Santos
Do outro lado, o Schalke apresentava uma frieza notável. Trocava passes
com calma quando tinha a posse de bola e arriscava diante de qualquer
brecha. Assim, Farfán recebeu na entrada da área e chutou forte para
carimbar a zaga.
Aos poucos, o Schalke entrou no ritmo de sua torcida e passou a
comandar as ações no jogo. Endiabrado, o peruano Farfán dava um baile no
lateral brasileiro André Santos, ex-Corinthians, pelo lado direito de
ataque, e os zagueiros Metersacker e Vermaelen se desdobravam para
cortar os seguidos cruzamentos. Num deles, já aos 43, Huntellar concluiu
na pequena área, mas errou o alvo.
André Santos em ação pelo Arsenal (Foto: Reuters)
Nenhuma das duas equipes, entretanto, demonstrou poder de fogo para
sequer colocar os goleiros para trabalhar. E com o placar em branco,
Arsenal e Schalke foram para o intervalo ao som do que melhor aconteceu
nos 45 minutos iniciais: o show da torcida alemã.
Huntellar completa festa azul em Londres
Na volta para o segundo tempo, o jogo se tornou mais equilibrado, mas
ingleses e alemães repetiam o panorama da primeira etapa: muitas jogadas
pelas pontas e poucas finalizações. E as que aconteciam eram sem
direção. Foi assim com Ramsey e Howedes antes mesmo dos cinco minutos,
quando erraram, um de cada lado, o alvo e desperdiçaram boas chances
dentro da área. No lance alemão, vale citar mais um drible de Farfán
sobre André Santos. O peruano levou a melhor na maioria dos duelos.
Afellay e Huntelaar, os carrascos dos Gunners
(Foto: Reuters)
Ao contrário da primeira etapa, o Schalke desistiu de esperar o Arsenal
e partiu para cima ao perceber a fragilidade e ansiedade do rival. Aos
12, o zagueiro Howedes apareceu mais uma vez no ataque e cabeceou com
perigo em cobrança de escanteio. Com o visitante cada vez mais perigoso,
a torcida do Arsenal passou a dar sinais de irritação, com lamentações e
reclamações fortes a cada erro. Nem mesmo um esboço de "Come on,
Arsenal" ("Vamos, Arsenal", em português) mudou o panorama.
Monótona, a partida tinha roteiro bem definido. Gervinho de um lado e
Farfán do outro até conseguiam bons cruzamentos, mas, conclusão que é
bom, nada. Mannone e Unnerstall seguiam sem trabalhar, e olhavam de um
lado para o outro ao verem a bola passar. Diante da inoperância de seu
ataque, Arsène Wenger mandou seu auxiliar (o técnico francês cumpriu nesta quarta seu último jogo de suspensão e assistiu à partida das tribunas), enfim, colocar um atacante de ofício: Giroud entrou no lugar de Gervinho aos 30.
Os ingleses, porém, nem tiveram tempo para testar a nova formação.Aos
31, Barnetta ganhou disputa pelo alto na intermediária e a bola sobrou
para Huntellar, livre, no meio da área. O holandês apenas girou o corpo,
fuzilou de direita a anotou 1 a 0 para o Schalke no marcador.
Em desvantagem, o Arsenal partiu em busca do empate, mas acabou
sofrendo o golpe fatal dez minutos depois de levar o primeiro gol. Após
cruzamento de Farfán, o holandês Afellay apareceu no meio da zaga e
colocou no fundo da rede: 2 a 0. Placar justo. Não pelo que as equipes
demonstraram em campo, mas pela festa dos enlouquecidos alemães de azul.
Comemoração de quem gritou mais alto. Literalmente.
Olympiacos bate atual campeão francês de virada
No outro jogo da chave, o Montpellier recebeu o Olympiacos no estádio
La Mosson e seguiu sem saber o que é vencer numa Liga dos Campeões. De
virada, os gregos bateram por 2 a 1 os franceses, que disputam pela
primeira vez a competição.
Charbonnier abriu o placar para o Montpellier aos quatro do segundo
tempo, mas Torosidis, aos 27, e Mitroglou, aos 46, asseguraram a virada
para o Olympiacos.
Remy Cabella, do Montepellier, tenta passar por dois marcadores do Olympiakos (Foto: afp)