Balotelli decide e coloca Itália na final da Euro e na Copa das Confederações
Com a vitória por 2 a 1 sobre a Alemanha, Azurra vai encarar a Espanha no domingo. Partida será transmitida pela SporTV, Band TV Globo
Por Marcos Felipe
Direto de Varsóvia
De garoto problema a salvador da pátria. Apontado por muitos como um
jogador que aparece mais por suas polêmicas do que pelo futebol, Mario
Balotelli foi o herói da Itália nesta quinta-feira. Com dois gols do
atacante do Manchester City, a Azzurra derrotou a favorita Alemanha por 2
a 1, no estádio Nacional de Varsóvia, na Polônia, e se garantiu na
final da Eurocopa contra a Espanha, domingo. Özil, cobrando pênalti nos
acréscimos do segundo tempo, descontou.
De quebra, os italianos, que contaram também com um atuação soberba de
sua defesa e do goleiro Buffon, asseguraram uma vaga na Copa das
Confederações de 2013, no Brasil. Além disso, mantiveram a “freguesia”
diante dos germânicos: nunca perderam para o rival em competições
oficiais (oito jogos, quatro vitórias e quatro empates).
O duelo entre Itália e Espanha acontece no próximo domingo, no estádio
Olímpico de Kiev, na Ucrânia. A seleção da Velha Bota vai lutar pelo seu
segundo título da Euro (foi campeã em 1960), já a Fúria, que levou o
caneco em 1964 e 2008, tenta o tricampeonato do torneio, que,
curiosamente, só a eliminada Alemanha possui.
A TV Globo, Band e o SporTV transmitem a decisão ao vivo a partir das 15h45m (de Brasília).
Mario Balotelli marca o segundo, tira a camisa e, como "prêmio", recebe o cartão amarelo (Foto: Reuters)
Alemanha se impõe, e Buffon salva
Podolski chega forte, mas Balzaretti leva a melhor:
italianos foram absolutos no jogo (Foto: Reuters)
Assim como fizera contra a Grécia, nas quartas de final, o técnico da
Alemanha, Joachim Löw, surpreendeu outra vez na escalação. Retornou com
os habituais titulares Gómez e Podolski nas vagas de Klose e Reus,
respectivamente, e lançou o jovem Toni Kroos, do Bayern de Munique, no
lugar que supostamente seria de Thomas Muller.
Pelo lado da Itália, sem os laterais-direitos Maggio (suspenso) e Abate
(machucado), Cesare Prandelli improvisou o zagueiro Chiellini no setor e
lançou Bonucci na zaga.
Com mais torcida, a Alemanha, assim como dissera Löw na véspera, começou impondo seu ritmo,
encurralando a Azzurra no seu campo de defesa. Logo aos cinco, após
cobrança de escanteio, Pirlo deu uma de zagueiro e, em cima da linha,
salvou um arremate meio sem jeito do zagueiro Hummels.
Na sequencia, em dois lances seguidos, com Boateng e Kroos, os
germânicos quase abriram o placar. No entanto, o goleiro Buffon salvou a
pátria italiana.
Com Buffon já batido, Andrea Pirlo salva a Itália de sair atrás logo no início da partida (Foto: Reuters)
A estrela de Balotelli
Se sofria atrás, a Itália pouco incomodada na frente. Isso até os 19
minutos. Cassano fez bela jogada pela esquerda, passou por dois
marcadores com um só drible, e cruzou.
Balotelli, fazendo jus à camisa 9 que veste, se esquivou da marcação de Badstuber e, de cabeça, colocou no fundo da rede.
Muita festa do atacante do Manchester City, e sem nenhuma reação
polêmica. Ele fez questão de abraçar efusivamente Cassano na celebração,
e foi celebrado por todos companheiros, mostrando que, embora fosse um
lance de comemoração, ele conta com apoio do elenco.
O gol abalou a “Nationalef”, que quase sofreu o segundo minutos depois com Montolivo. O meia, que carrega na chuteira a bandeira da Alemanha (por causa da mãe), recebeu sozinho na grande área, mas demorou a bater.
O incrível Balo
No entanto, o meia recém-contratado pelo Milan se redimiu da bobeada
aos 35 e deu belo lançamento nas costas de Lahm para... Balotelli.
Esperto e mortal, o atacante dominou, não deixou o lateral-direito
alemão chegar a tempo e, com uma bomba de pé direito, colocou no ângulo.
Golaço.
Aí não teve jeito. A comemoração teve lá sua dose de polêmica. O
jogador de 21 anos tirou a camisa e estufou o peito numa pose à la
Incrível Hulk, parecida com a feita por brasileiros como Adriano e Hulk,
do Porto. Ele acabou advertido com cartão amarelo pelo árbitro francês
Stéphane Lannoy.
Na saída para o intervalo, Balotelli recebeu cumprimentos de todos
companheiros, mas levou um leve puxão de orelha de Prandelli, que,
segundo pessoas próximas, disse “Pelo amor de Deus, não leva o segundo
amarelo”.
Mario Balotelli e Cassano comemoram gol da Itália contra a Alemanha (Foto: EFE)
‘Brasiliano’ Thiago Motta em campo
A resposta alemã veio logo em seguida, com Reus, atleta do Borussa
M'Gladbach, cobrando falta no ângulo e obrigando Buffon a se esticar
todo para colocar para escanteio.
Disposto a fechar ainda mais seu time – o meia Diamanti já havia
entrado minutos antes na vaga de Cassano - Prandelli sacou Montolivo e
colocou o ítalo-brasileiro Thiago Motta para fechar ainda mais o meio de
campo.
Mas, mesmo assim, a Itália quase fechou o caixão. Diamanti deu belo
passe para Marchisio aos 22, mas o jogador do Juventus acabou
arrematando para fora.
Mario Balotelli abre o placar em Varsóvia e recebe o carinho dos companheiros de Azurra (Foto: AP)
Klose entra, mas Balotelli é quem quase marca
Na volta para o segundo tempo, Löw sacou logo dois de uma vez. Mas
naquela de “seis por meia dúzia”, ou seja, atacantes por atacantes:
Podolski por Reus, e Klose por Gómez.
As substituições deram mais energia aos germânicos, que partiram em
busca do empate, enquanto a Itália, adotando o velho e bom “catenaccio”,
ficava atrás tentando explorar contra-ataques com Balotelli e Cassano,
que acabou deixando o campo aos 13, demonstrando muito cansaço, para a
entrada de Diamanti.
Mesmo quando não está bem, Balotelli é um atacante que não tem medo de
arriscar. Com dois gols na partida, então... Aos 15, Mario, como é
chamado pelos colegas de Azzurra, driblou Lahm e chutou com perigo rente
à trave do goleiro Neuer.
Homem do jogo, Balotelli sai de maca para a entrada de Di Natale aos 25 da etapa final (Foto: Reuters)
Cãibras de herói
Mostrando que se dedicou bastante, mas também dando aquela “valorizada”
para gastar o tempo, Balotelli caiu no gramado sentindo cãibras, aos
24. Vaiado por quase todo estádio, menos pelos pontos azuis onde estavam
os “tifosi” italianos, acabou deixando o gramado para a entrada de Di
Natale. Foi para o banco recebendo o afago de todos como o grande herói
da Velha Bota.
A Alemanha, por sua vez, caiu de produção vertiginosamente depois do
bom começo na etapa final e nem parecia o time decantado por Löw na
véspera, cheio de personalidade e confiança. De quebra, ainda levava
sustos consideráveis atrás, como, quando Marchisio, mesmo diante do
marcador caído (Badstuber) no chão e quase na pequena área, mandar outra
vez para fora, aos 30.
Já com Thomas Müller em campo, os germânicos, na base do desespero, até
tentaram conseguir furar a defesa italiana. Mas só conseguiram nos
acréscimos e, mesmo assim, numa penalidade cobrada por Özil após mão na
bola de Balzaretti.
Mas no fim, com sufoco e sofrimento como sempre, deu Itália. Vaga na
decisão, tabu mantido, e Balotelli, que respirou aliviado após o apito
derradeiro do juiz, nas manchetes. Mas não por causa de polêmicas, mas,
sim, pelo bom futebol. Que continue assim.
Autor do gol alemão, Özil não esconde a frustração com a derrota diante da Itália (Foto: Reuters)
ALEMANHA 1 X 2 ITÁLIA
Neuer; Boateng (Müller), Hummels, Badstuber e Lahm; Khedira,
Schweinsteiger, Kroos, Özil e Podolski (Reus); Mario Gomez (Klose) |
Buffon; Balzaretti, Barzagli, Bonucci e Chiellini; Pirlo,
Marchisio, Montolivo (Thiago Motta) e De Rossi; Balotelli (Di Natale) e
Cassano (Diamanti) |
Técnico: Joachim Löw |
Técnico: Cesare Prandelli |
Gols: Balotelli, aos 20 e 36 minutos do primeiro tempo; Özil, aos 46 do segundo tempo |
Cartões amarelos: Hummels (ALE); Thiago Motta, Balotelli, Bonucci e De Rossi (ITA) |
Local: Estádio Nacional de Varsóvia, na Polônia. Data: 28/6/2012 Árbitro: Stéphane Lannoy (FRA). Auxiliares: Frédéric Cano (FRA) e Michael Annonier (FRA) |