Oração e confiança: os ingredientes do Valencia para bater o Barcelona

   Brasileiros falam em repetir o feito da temporada 2007/2008, quando equipe eliminou o Barça na semifinal da Copa do Rei e depois foi campeã

Por Igor Castello Branco Rio de Janeiro

 

Valencia fez pôster dizendo que acredita na vitória
(Foto: Divulgação Site Oficial do Valencia)

   O Valencia terá nesta quarta-feira a difícil missão de surpreender a equipe que aos poucos se consagra como uma das maiores da história do futebol mundial. No Estádio Mestalla, o clube recebe o Barcelona, às 18h (de Brasília), pela partida de ida das semifinais da Copa do Rei. Além do desafio de parar Messi e companhia, os "Ches" sonham repetir o feito da temporada 2007/2008, quando eliminaram o Barça na mesma fase e depois foram campeões do torneio.
    Coincidências à parte, agora os torcedores depositam suas esperanças nos brasileiros Diego Alves e Jonas para conduzirem o time ao triunfo na competição. E, para isso, os jogadores já têm uma receita: confiança, aplicação tática e “muita oração”.
- Os torcedores do Valencia cobram muito. A gente sai na rua e eles sempre falam algo sobre este jogo, dão um incentivo. A ansiedade vem tomando conta e vamos tentar lutar pela nossa vaga na final. Acredito que serão dois jogaços. Eliminando o Barcelona, a gente ganha muita moral e a torcida acredita seriamente nisso. Queremos repetir o feito de 2007/2008 - disse o ex-atacante do Grêmio, por telefone.
   
   Opinião semelhante à do goleiro, revelado pelo Atlético-MG:
- O jogo está mexendo com toda a cidade. Na última quinta-feira, no dia da nossa classificação para as semis, os dirigentes foram no vestiário nos parabenizar pela partida e a gente já via ali na cara deles esse clima para este duelo contra o Barça. Isso está sendo muito legal e tem essa coisa do título de 2007/2008 que também tem nos motivado muito. Nos próximos dias, o trabalho será intensificado, afinal trata-se de um adversário de peso. Serão grandes jogos. Pode apostar! - afirmou, empolgado, Diego Alves, também por telefone.

Provável dupla de ataque no duelo contra o Barça: Jonas e Soldado comemoram gol do Valencia  (Foto: AFP)

   Há quase quatro anos, o Valencia fazia uma das piores temporadas de sua história. O time por pouco não foi rebaixado no Campeonato Espanhol, estava afundado em uma crise após ter sido eliminado precocemente na fase de grupos da Liga dos Campeões e teve que se concentrar na Copa do Rei para ser campeão e conseguir uma vaga na Copa da Uefa (atual Liga Europa). E deu certo.
    Depois de um empate em 1 a 1 (jogo de ida) com o Barcelona no Camp Nou, a equipe derrotou o time de Ronaldinho Gaúcho, Messi e Eto’o por 3 a 2 (volta), nas semis, e avançou para a grande decisão: venceu o Getafe por 3 a 1. Os Ches chegaram ao seu sétimo título no torneio (1941, 1949, 1954, 1967, 1979, 1999 e 2008), o último do clube.
    Enquanto isso, naquela mesma temporada, os dois brasucas seguiam caminhos bem distintos: o atacante Jonas não conseguia repetir no Grêmio as grandes atuações que teve pelo Santos no ano anterior. Por outro lado, já na Espanha, o goleiro Diego Alves brilhava pelo Almería e alcançava marcas importantes: defendeu dez cobranças de pênalti em 17 sofridas e ficou 679 minutos sem sofrer gols.
    Agora, de ânimo renovado, o Valencia, terceiro colocado do Campeonato Espanhol, conta com o potencial dos dois jogadores e se inspira no passado para repetir a dose. De acordo com Jonas, mudanças no time aparentemente não serão feitas e o objetivo é jogar de igual para igual.
– É um prazer jogar contra os melhores do mundo e a responsabilidade só aumenta. É o time a ser batido e a vitória daria uma grande repercussão para o nosso trabalho. Acredito que não terão mudanças no esquema tático até porque nosso primeiro jogo é em casa e, nesse estilo de competição, um gol faz bastante diferença. Sei que vão ser bons jogos e a nossa equipe deve manter o esquema tradicional: o 4-2-3-1 – disse o atacante.

Barça traz péssimas recordações para Diego Alves

Diego Alves em ação pelo Almeria contra o
Barcelona no Espanhol (Foto: Getty Images)

   Diego Alves, no entanto, tem uma relação curiosa com o Barça. Nas quatro temporadas em que defendeu o Almería, o goleiro brasileiro enfrentou o Barcelona em sete oportunidades e não guarda boas lembranças de seus duelos contra a equipe catalã, pois sofreu um espantoso número de 23 gols. Dois jogos foram marcantes: na temporada 2008/09, o Barça goleou por 5 a 0 no Camp Nou. No campeonato seguinte, Diego teve de buscar oito bolas na rede em um histórico 8 a 0.
– É um adversário poderoso, mas uma coisa é jogar contra o Barcelona pelo Almería, algo bem diferente de estar no Valencia. Por exemplo, desde que cheguei no Valencia, joguei uma vez contra eles no Campeonato Espanhol, em casa, e o jogo foi 2 a 2. Eles mesmos comentam sobre a dificuldade que é jogar contra a gente no Mestalla. O Valencia é um clube que exige que a gente jogue de igual pra igual e, como disse, os torcedores estão empolgados. Mas óbvio que vamos respeitar o Barcelona . Em partidas assim, o negócio é estar bastante concentrado – comparou.
 
Ajuda de Nossa Senhora Aparecida
    No início da carreira, quando o Atlético-MG lutava para sair da Série B em 2006, o goleiro encontrou em uma pequena medalha de Nossa Senhora Aparecida seu amuleto. Hoje, titular do Valencia, o jogador faz questão de levar sua devoção pela padroeira do Brasil para os gramados do mundo: desde o início da temporada, o atleta usa uma luva com molde e design personalizados com o desenho da santa. Para ele, orações não faltarão para a partida.
– Fé a gente sempre tem que ter independentemente de qualquer coisa. Na realidade, a gente tem é que jogar bola. É o que sabemos fazer de melhor para sair de campo com a vitória. Nada é impossível. Mas fé também ajuda muito. Vou orar muito e pedir proteção para Nossa Senhora como eu normalmente faço. Estou confiante e espero ter uma boa atuação – disse.

Mão Santa: Diego Alves comemora gol do Valencia no Campeonato Espanhol (Foto: Getty Images)