Crise econômica 'esfria' a janela de transferências do inverno europeu
Com prejuízo bilionário e temendo o Fair Play Financeiro, gigantes do Velho Continente não fazem grandes transações na metade desta temporada
Não é só a temperatura que está fria na Europa nos últimos dias. O
mercado de transferências do inverno no Velho Continente também foi
bastante gelado. Ao contrário do que aconteceu em janeiro do ano
passado, quando diversas contratações milionárias aconteceram, nesta
temporada não houve uma grande novidade sequer envolvendo as principais
equipes europeias. Os motivos para isso são simples: crise econômica,
falta de opções no mercado e, principalmente, a preocupação com o Fair Play Financeiro da Uefa.
Na Inglaterra, por exemplo, o gasto total de todos os principais clubes
do país foi de cerca de 60 milhões de libras (R$ 165 milhões). No
início de 2011, somente na compra de Fernando Torres junto ao Liverpool,
o Chelsea gastou 55 milhões de libras (R$ 151 milhões), e no total
movimentados 225 milhões de libras (R$ 619 milhões). Diferença
esmagadora, mas que ainda não pode ser considerada como um novo padrão,
segudo David Conn, colunista do jornal "The Guardian", em texto
publicado nesta quarta.
- O Fair Play Financeiro, enfim, passou a ser respeitado pelos clubes ingleses, que perceberam que diminuir os gastos pode ser uma boa opção. No entanto, não se pode concluir muitas coisas somente por esta janela de janeiro. A ambição dos sheiks e o desespero por títulos ainda podem fazer com que no mercado de verão se gaste muito dinheiro - escreveu.
- O Fair Play Financeiro, enfim, passou a ser respeitado pelos clubes ingleses, que perceberam que diminuir os gastos pode ser uma boa opção. No entanto, não se pode concluir muitas coisas somente por esta janela de janeiro. A ambição dos sheiks e o desespero por títulos ainda podem fazer com que no mercado de verão se gaste muito dinheiro - escreveu.
Alex é apresentado no PSG: clube francês foi um dos que mais se movimentou na janela (Foto: AP)
Segundo relatório recém divulgado pela Uefa, os gigantes do Velho Continente somaram dívidas de 1,3 bilhões de libras (cerca de R$ 3,5 bilhões) em 2010. Número assustador que fez Michel Platini afirmar que eles "desaparecerão" se não forem estabelecidos limites em relação aos gastos feitos pelos times que são administrados por empresários milionários, como Manchester City e Chelsea. Com medo das punições que podem acontecer a partir das próximas temporadas, os clubes estão tentando controlar os gastos.
- O foco na sustentabilidade financeira futura do futebol está prevalecendo agora na Europa mais do que em qualquer momento dos últimos 20 anos. À frente veremos isso traduzido num equilíbrio melhor entre receitas e despesas - afirma Dan Jones, da empresa de consultoria financeira Deloitte, em declarações reproduzidas pela agência de notícias Efe.
Entre os ingleses, as principais novidades vieram de três clubes. Chelsea, Queens Park Rangers e Newcastle gastaram, juntos, mais da metade do investimento total dos clubes ingleses. O Newcastle contratou Papiss Cisse Freiburg, enquanto o QPR buscou Zamora e Cissé, da Lazio e do Fulham, respectivamente. O Chelsea, que reportou prejuízo de 67,7 milhões de libras no ano passado, comprou o zagueiro Gary Cahill do Bolton.
- Estamos em recessão. É uma época em que todos estão sendo mais cautelosos. No ano passado se gastou muito. Os números são incríveis e mostram que, se os clubes fechassem amanhã, metade da Europa iria falir - analisou Arsene Wenger, técnico do Arsenal, que apenas contratou um jovem jogador, de 19 anos, do Borussia Dortmund.
Thiago Motta é a contratação mais cara
Nem mesmo Carlos Tevez, que tinha uma proposta milionária do PSG, ou Alexandre Pato, também sondado pelo clube francês, mudaram de clube. Caso o brasileiro tivesse aceitado a oferta, toda a história desta janela seria contada em cima da dupla. Afinal, com a saída dele, o Milan teria fechado negócio para levar o argentino do Manchester City para a Itália. No entanto, isso não aconteceu e as duas equipes tiveram que se contentar com reforços de menos peso.
Phillippe Coutinho é apresentado no Espanyol
(Foto: EFE)
(Foto: EFE)
O Paris Saint-Germain, administrado por um sheik qatari e com Leonardo como diretor técnico, foi às compras e fechou com três brasileiros: Alex, ex-Chelsea, Thiago Motta (operação mais cara da janela, valendo € 10 milhões), ex-Inter, e Maxwell, que jogava no Barcelona. O Milan, por sua vez, teve como principal reforço outro argentino: Maxi López, ex-Catania. Seu rival, Inter, outro que tentou Tevez, levou três jogadores para o elenco: Guarín, Palombo e Juan. Cáceres e Padoín reforçarão o Juventus, enquanto o chileno Vargas deixou o Universidad do Chile para defender o Napoli.
Na Espanha, somente os clubes de menor expressão se reforçaram. O Granada, por exemplo, acertou com quatro reforços, entre eles dois brasileiros: Henrique, ex-São Paulo, e Gabriel Silva, lateral que atuava no Palmeiras. O Villarreal também buscou um jogador no Brasil. Martinuccio, apoiador do Fluminense, fechou com o Submarino Amarelo até o meio do ano por empréstimo. Além disso, o Espanyol foi buscar Philippe Coutinho, Kalu Uche e Víctor Sánchez.
O Benfica e o Porto também se reforçaram. A equipe de Lisboa contratou o jovem Djaló, que era do rival Sporting, enquanto os Dragões acertaram o retorno de Lucho González, que estava no Olympique de Marselha, e ainda levaram o brasileiro Danilo, ex-Santos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário