AFP
O detalhe foi Suárez
  Em uma Copa América duríssima, verdadeiras batalhas em campo têm feito jus ao discurso dos treinadores de que as partidas são decididas nos “detalhes”. Pois no equilibrado e intenso confronto entre Uruguai e Peru, pelas semifinais do torneio, nesta terça-feira, o que fez a diferença foi o faro de gol e o talento do artilheiro Luis Suarez.
  O atacante anotou os dois gols na vitória da Celeste, que retorna uma decisão com sua equipe principal pela primeira vez em 12 anos, desde o vice-campeonato do torneio continental na edição de 1999. Ciente do momento especial por que passa a equipe e de sua contribuição para tanto, o atacante fez questão de reservar uma das bolas utilizadas nesta semifinal, como um souvenir valioso.
Como acalmar um goleador
  O centroavante Jose Guerrero, do Peru, destacou que sua seleção sai do torneio com a cabeça erguida, depois de ter dado trabalho para todos os seus adversários e surpreendido a Colômbia nas quartas. Fato, e o torneio só confirmou essa subida de produção de um que havia perdido apenas duas de suas últimas 16 partidas até o choque com os uruguaios e levou apenas quatro gols em seus últimos dez jogos. Trata-se de uma defesa forte, que, no entanto, só não conseguiu encontrar um modo de frear Suárez, autor de três desses quatro gols sofridos pelos adversários.
  Por 45 minutos, os peruanos se desdobraram e conseguiram conter o ímpeto do jogador do Liverpool, que se mostrou muitas vezes irritado em campo, contestando marcações da arbitragem e levando até mesmo um cartão amarelo por uma falta no meio-campo. Na volta do intervalo, porém, por um instante de descuido, ele apareceu para desequilibrar a partida.
  “Foi um jogo muito duro no primeiro tempo. O Peru adotou uma postura muito defensiva e só nos restava converter alguma chance de gol, mas não tivemos oportunidades tão claras. No segundo tempo fomos mais contundentes e chegamos ao gol cedo, o que abateu o Peru e nos ajudou”, afirmou o atacante, já bem mais tranquilo na saída do gramado, após ser substituído aos 71 minutos. Nada como ver a rede balançar para um goleador se acalmar.
Sempre alerta
  O modo como Suárez marcou seus gols mostra o quão perigoso ele pode ser. No primeiro, aos 53 minutos, Diego Forlan mandou um chute complicado de fora da área, e o goleiro Raul Fernandez espalmou a bola para a sua esquerda.  O atacante foi oportunista para seguir a trajetória da bola no rebote e, com um ângulo reduzido e sem olhar para a trave, bateu de direita, rasteiro, com sucesso. Ele sabia onde estava e o que fazer.
  No segundo, ele cuidou para não ficar impedido em meio à então espaçada zaga peruana e recebeu ótima enfiada centralizada de Alvaro Pereira. Dessa vez ele teve tempo para espiar a saída de Martínez, driblar o goleiro e dar um toque suave, só rolando a bola para fazer 2 a 0. “No último jogo foi diferente. Sabíamos que a Argentina ia atacar muito e tínhamos que nos preparar para isso. Na partida de hoje, nós é que precisávamos sair para o jogo e atacar, e conseguimos”, afirmou.
  Nessa atual formação uruguaia, “sair para o jogo” muitas vezes quer dizer apostar todas as fichas na categoria e inteligência de Forlán e suas combinações com Suárez. Contra o Peru, eles contaram com mais apoio de uma linha de meio-campo de jogadores esforçados, mas que não possuem o cacoete de dianteiros. Contra a combativa defesa peruana, então, eles não conseguiram produzir tanto, afetar o jogo do modo como talvez o técnico Oscar Tabárez preferisse. Mas não teve problema: Suárez encontrou um meio de garantir a Celeste na decisão.