A Lazio está determinada a não seguir vivendo à sombra da rival Roma. Sete anos depois de assumir a presidência de um clube com pretensões modestas no Campeonato Italiano, Claudio Lotito colocou as finanças em dia e agora decidiu apostar alto. Nada menos que sete jogadores de primeira linha já assinaram contrato com o time alviceleste, entre eles o goleiro Federico Marchetti, suplente de Gianluigi Buffon na Azzurra.
  Mas é principalmente a chegada de goleadores experientes como Miroslav Klose e Djibril Cissé que vem causando sensação entre os torcedores. O FIFA.com examina as motivações desses dois atacantes consagrados que chegam à Cidade Eterna em busca de um trampolim para relançarem as suas carreiras.
Miroslav Klose
Mirando longe
  Klose é uma verdadeira instituição do futebol germânico, com os seus 61 gols em 109 partidas vestindo o manto nacional. Com 33 anos recém-completados e cumprido o contrato com o Bayern de Munique, em cujo banco passou boa parte da temporada passada, o artilheiro poderia estar pensando em pendurar as chuteiras. Contudo, se despedir dos gramados pela porta dos fundos não faz exatamente o gênero do excepcional goleador, que decidiu buscar novos horizontes pela primeira vez fora da Alemanha.
  Diversos clubes abordaram o alemão, mas ele optou pela Lazio, "uma equipe muito interessante", na definição do próprio jogador. "É uma mistura inteligente entre jovens cheios de promessas e atletas experimentados", explica Klose. "Estou feliz por participar deste projeto e convencido de que estaremos em condições de lutar pelo título com um elenco desses."
  Ao ouvi-lo comentar que "as instalações do clube são boas" e que "Roma é uma cidade maravilhosa", muita gente poderia pensar que se trata do discurso típico do jogador às portas da aposentadoria que decide pegar leve nos últimos anos de carreira. Afinal, algumas lesões sofridas na temporada anterior acabaram fazendo com que Klose perdesse a preferência do então técnico Louis van Gaal no ataque titular do Bayern. Mas o craque faz questão de esclarecer qualquer mal-entendido. "Não pensem que a minha saída está ligada ao relacionamento com o Van Gaal. Aquele não foi um momento fácil, mas é passado. Agora estou aqui, em um clube ambicioso que, como eu, tem fome de vitórias."
Cissé
Uma nova fera em Roma
  Cissé, por sua vez, foi recebido na Lazio com honras de celebridade. "Estou hipermotivado", conta o jogador de 30 anos. "É um novo desafio, sem dúvida o mais importante da minha carreira. Estou curioso para ver como vou me sair diante das defesas reforçadas do Campeonato Italiano", explica o atacante, que já foi apelidado de La Bestia ("a fera") pelo técnico Edy Reja — a mesma alcunha do brasileiro Júlio Baptista, que jogou na Roma até fins do ano passado.
  A Lazio será o sexto clube da carreira do francês, que já passou por Auxerre, Liverpool, Olympique de Marselha, Sunderland e, mais recentemente, Panathinaikos, com cuja camisa terminou na artilharia do Campeonato Grego por dois anos seguidos, totalizando 23 e 27 gols. Mas o desencanto com o torcedor helênico e o sonho de vestir novamente o uniforme da seleção francesa levaram o atacante a optar pela transferência para o time italiano.
  "Marquei muitos gols na Grécia nas duas últimas temporadas, mas não há dúvida que certas pessoas acham que o nível desse campeonato não é representativo o bastante", aponta Cissé. "Esta é uma das razões pelas quais escolhi a Itália, já que a Série A é uma das ligas mais duras da Europa. Ainda não estou morto, sobretudo para a seleção. Se eu fizer coisas boas no Campeonato Italiano, a França não vai poder continuar me ignorando."
  Apesar da sua inegável qualidade, Cissé fez apenas 40 jogos pela equipe nacional (e nove gols). É verdade que faltou ao sorte ao jogador desde a sua estreia com os Bleus, em 18 de maio de 2002 — seja pelo fracasso da França no Mundial de 2002, pela suspensão do atleta às vésperas da Euro 2004, pela fratura sofrida um dia antes da viagem à Alemanha em 2006 ou por ter sido cortado do elenco que disputou a Euro 2008. A última partida dele pela seleção aconteceu na África do Sul 2010, no vexaminoso tropeço diante dos anfitriões que selou a eliminação galesa na primeira fase.
Mauro Zárate
Um trio endiabrado
  Voltar a vestir a camisa da França é uma boa razão para a escolha da Lazio, onde a parceria com Klose promete render muitos gols. "O Cissé é um grande jogador que sempre fez a alegria das equipes pelas quais jogou", elogia o alemão. "É uma contratação excelente e não tenho a menor dúvida de que nos entenderemos bem."
  O argentino Mauro Zárate, autor de nove gols e sete assistências em 2010/11, será a terceira arma do poderoso ataque da Lazio. Além disso, o trio contará com o apoio inestimável de outro jogador que anda em busca de redenção: o meia Hernanes. Com 26 anos e três partidas pela Seleção Brasileira, o ex-jogador do São Paulo aguarda uma nova chance no elenco de Mano Menezes desde que foi expulso contra a França em fevereiro.
Hernanes
  Na primeira vez em que Hernanes, Klose e Cissé jogaram juntos — durante o segundo tempo de um amistoso com o Union Ripa que terminou em 8 a 0 há alguns dias —, os três estufaram as redes. "Eles já encontram uns aos outros de olhos fechados", constata Reja. Na primeira partida da pré-temporada, contra a equipe amadora do Cadore, Klose já havia feito cinco gols em 40 minutos. Nesse ritmo, a torcida da Lazio começa a se preparar para reviver os dias gloriosos do trio formado por Claudio López, Hernán Crespo e Pavel Nedved em 2001.