Boa parte da torcida são-paulina - que era grande maioria entre os quase 45 mil no Morumbi - aplaudiu com respeito o técnico do Santos, Muricy Ramalho. Afinal, trata-se do sujeito que levou o Tricolor a três títulos brasileiros consecutivos, entre 2006 e 2008. O treinador se mostrou emocionado, mas certamente não a ponto de facilitar as coisas para seu ex-clube.

Com uma alteração sua que mudou os rumos da partida, o Santos de Muricy venceu o São Paulo por 2 a 0 na tarde deste sábado e se classificou para as decisão do Campeonato Paulista. Os gols de Elano, de cabeça, e de Ganso põem o Peixe na decisão do Paulistão, para enfrentar o vencedor de Palmeiras e Corinthians no próximo domingo. Os arquirrivais jogam a outra semifinal neste domingo, às 16h, no Pacaembu.
A vitória santista representa a quinta eliminação seguida do São Paulo em semifinais do Estadual. Depois de São Caetano, em 2007; Palmeiras, em 2008; Corinthians, em 2009; Santos, em 2010 e agora em 2011, o Tricolor contabiliza mais um mau resultado em mata-mata no Campeonato Paulista. O Peixe, por outro lado, chega à terceira final seguida na competição. Muricy Ramalho também curte momento de rei na Vila Belmiro: o treinador ainda está invicto no comando do Santos.
O San-São deste domingo teve emoção do começo ao fim. O Peixe, que teve as melhores chances do primeiro tempo mas viu o arquirrival crescer de produção ainda na etapa inicial, conseguiu chegar à vitória graças a dois fatores: a visão tática de Muricy Ramalho, que aproximou Ganso e Elano do ataque ao sacar Zé Eduardo no intervalo; e a individualidade dos Meninos da Vila. Neymar e Paulo Henrique Ganso só não fizeram chover na segunda etapa.
Força total
Como o Peixe enfrenta o América (MEX) em Querétaro na próxima terça-feira, pela Copa Libertadores, a expectativa era de que alguns jogadores titulares fossem preservados e não jogassem o San-São. Mas nenhum jogador santista quis ficar de fora da decisão, e Muricy Ramalho escalou força máxima. Pelo lado do Tricolor, Paulo César Carpegiani, a não ser pela ausência de Lucas, machucado, também tinha praticamente todos os titulares à disposição. O resultado foram chances de lado a lado, com mais domínio de bola dos são-paulinos, que foram os que acabaram criando mais chances. Foi então, no intervalo, que Muricy Ramalho viu seu nome ser cantado por torcedores tricolores no Morumbi.
Já sem o sol forte dos primeiros 45 minutos, o Santos começou ditando as regras da segunda etapa. Com o zagueiro Bruno Aguiar no lugar de Zé Eduardo, Muricy voltou ao 3-5-2. Com isso, aproximou Ganso e Elano do ataque e fez Jonathan participar mais efetivamente da partida. Deu mais do que certo.
O Santos abriu o placar aos 15 minutos: Ganso recebeu na área, ganhou da zaga adversária e colocou a bola com precisão na cabeça de Elano. Com o São Paulo partindo desesperadamente atrás do empate, os espaços começaram a aparecer, e Ganso tratou de aproveitá-los.
Aos 27, o maestro do Peixe deu um lindo lançamento para Neymar, que se viu diante de dois marcadores dentro da área. Ele parou, esperou, enxergou Ganso entrando na área e rolou para o camisa 10 tocar de primeira, com categoria, e definir o jogo.
Nos minutos finais, Muricy ganhou uma dor de cabeça. Elano se esticou para afastar bola na área e sentiu o músculo adutor da coxa direita. O meia pode ser dúvida para a decisão contra o América (MEX), na terça-feira.
As duas equipes ainda têm compromissos em competições paralelas. São Paulo encara o Avaí na próxima quarta-feira, em partida válida pelas quartas de finais da Copa do Brasil, no Morumbi. Um dia antes, o Santos duela com o América (MEX), em Querétaro, pelas oitavas da Copa Santander Libertadores.
São Paulo 0 x 2 Santos
Estádio: Morumbi, São Paulo (SP)
Árbitro: Raphael Claus
Auxiliares: Luis Alexandre Nilsen e Guilherme Ceretta de Lima
Renda/público: R$ 1.232.468,00 / 44.675 pagantes
Cartões amarelos: Casemiro, Miranda, Juan (SPO); Ganso (SAN)
Gols: Elano, 15'/2ºT (0-1); Ganso, 27'/2ºT (0-2)
São Paulo: Rogério Ceni, Xandão, Alex Silva, Miranda; Jean, Casemiro (Fernandão 18'/2ºT), Carlinhos, Ilsinho (Willian 44'/2ºT) e Juan; Marlos (Rivaldo 24'/2ºT) e Dagoberto. Técnico: Paulo César Carpegiani.
Santos: Rafael, Jonathan, Edu Dracena, Durval e Léo (Alex Sandro 29'/2ºT); Arouca, Danilo, Elano (Adriano 34'/2ºT) e Ganso; Neymar e Zé Eduardo (Bruno Aguiar, intervalo). Técnico: Muricy Ramalho.

E o que mais?O sábado teve poucas outras decisões Brasil afora. Em Minas Gerais, no aniversário de 99 anos do América-MG, quem ganhou o presente foi a torcida atleticana. De virada, a exemplo do primeiro jogo, o Atlético-MG venceu o Coelho, desta vez por 2 a 1, e se garantiu na decisão do Campeonato Mineiro.Os gols foram marcados por Magno Alves e Serginho, para o Galo, enquanto Luciano fez para os americanos. A vitória foi construída mesmo com Atlético atuando com um homem a menos durante todo o segundo tempo, já que Richarlyson, que entrara no intervalo, foi expulso logo no primeiro minuto da etapa complementar. Na final, o provável adversário do Atlético-MG é o arquirrival Cruzeiro, que enfrenta neste domingo o América-TO podendo perder por até sete gols de diferença.

Pelo Pernambucano, o Santa Cruz teve facilidade para bater o Porto-PE e se garantir na final. Mesmo com a vantagem do empate, pois ganhara o jogo de ida por 2 a 1, o Coral partiu para cima e venceu a partida no Arruda por 3 a 1. O Santa precisou de menos de 15 minutos para assegurar a classificação. O primeiro gol saiu logo aos dois, com Wesley batendo falta. Sentindo a dificuldade da recuperação, o Porto se abateu e o Coral aproveitou. Aos sete Leandro Souza ampliou e aos 14 Thiago Mathias fechou a conta. Ainda no primeiro tempo, Rodrigo Paulista descontou para os visitantes. Agora o Santa Cruz espera o resultado da partida entre Náutico e Sport, que acontece neste domingo às 16h.

Quem também garantiu vaga na decisão estadual foi o Atlético Goianiense, que decidirá o Campeonato Goiano.O time chegou a fazer 2 a 0 diante do Anapolina e tinha o total controle da partida, mas cedeu o empate. Apesar do susto, o Dragão venceu por 4 a 2 no Serra Dourada, e assegurou presença na final, diante do vencedor do duelo de domingo entre Vila Nova e Goiás - que venceu o primeiro jogo por 1 a 0.

No Paraná, onde o Coritiba já é o campeão, o Atlético Paranaense se despediu do torneio com vitória de virada por 3 a 1 sobre o Rio Branco, Madson (duas vezes) e Paulinho marcaram os gols do Furacão.