A nova cara do futebol neozelandês
    A Nova Zelândia terá mais uma oportunidade de mostrar a sua nova cara quando a bola começar a rolar na Copa do Mundo Sub-17 da FIFA daqui a alguns dias. O futebol do país vem passando por uma espécie de revolução nos últimos tempos, colecionando resultados marcantes com diversas das suas equipes nacionais.
    A campanha dos All Whites no Mundial da África do Sul é um bom exemplo do momento histórico que o esporte mais popular do planeta atravessa na nação da Oceania. Além disso, recentemente a Nova Zelândia conseguiu classificação inédita aos mata-matas de um torneio da FIFA. O feito foi alcançado pela seleção sub-17 no Mundial da categoria disputado em 2009 na Nigéria.
    Mas não são apenas os resultados que estão mudando. O número de garotos de origem maori e de outras etnias do Pacífico que estão jogando futebol cresceu de maneira expressiva nos últimos tempos, algo que se reflete no plantel que esteve na Nigéria 2009 e naquele que o país levará ao México 2011.
O novo rosto kiwi
    Há dois anos, o elenco neozelandês que foi à África contava com meia dúzia de atletas oriundos das populações autóctones. O grupo que viajou ontem com destino ao México tem composição semelhante. Dele fazem parte Bill Tuiloma e Cameron Howieson, ambos de origem samoana, enquanto Harley Tahau e Rhys Lambert vêm de famílias maori e Ken Yamamoto tem herança japonesa.
    A diversidade chama a atenção pelo fato de o futebol da Nova Zelândia ser tradicionalmente associado aos redutos ingleses. E a tendência de expansão tem tudo para prosperar, considerando a reputação de exemplo construída por quatro jogadores do plantel que o país levou à África do Sul 2010 — Rory Fallon, Leo Bertos, Jeremy Christie e Winton Reid, todos de ascendência maori.
    Alguns integrantes da atual equipe sub-17, a exemplo dos que estiveram na Nigéria em 2009, frequentaram a academia que Wynton Rufer dirige em Auckland. O emblemático ex-atacante da seleção neozelandesa, que foi eleito Atleta do Século da Oceania, diz que procurou seguir uma política de inclusão sempre que possível. O resultado, segundo ele, compensou. "Há muitos garotos maori e das ilhas do Pacífico praticando o esporte atualmente, e em parte são eles que estamos buscando", explicou Rufer. "Geralmente, são os que mais têm talento."
    O diretor de futebol das categorias de base da federação neozelandesa, John Herdman, afirma que os novos programas de formação provavelmente atrairão segmentos ainda maiores da população para a prática do futebol — em detrimento do rúgbi, esporte número um do país. "Os nossos novos programas têm como alvo crianças fora da base de participação típica, que é um grupo socioeconômico de brancos de classe média", comentou Herdman. "Tradicionalmente, temos uma enorme penetração do rúgbi nas culturas polinésia e melanésia da Nova Zelândia, o que significa que existe um impressionante grupo genético com talento esportivo que está escapando."
Desafios e superação    Contudo, a garotada de 2011 terá um duro caminho antes de emular os compatriotas na Copa do Mundo Sub-17 da FIFA 2009. Os jovens kiwis disputarão o Grupo D do torneio de 24 equipes ao lado de Estados Unidos, República Tcheca e Uzbequistão.
    A Nova Zelândia mostrou boa organização tática e força no setor defensivo durante as eliminatórias para o México 2011, sofrendo apenas um gol ao longo da campanha. O técnico Aaron McFarland acredita que a atual geração é experiente para a idade e soube aproveitar a participação na liga local. "Eles formam um grupo ambicioso e há alguns relativamente experientes para 16 ou 17 anos", aponta McFarland. "Temos um bom núcleo de jogadores que disputaram o campeonato nacional, então é provável que as opções de atletas expostos a esse nível sejam mais numerosas do que no passado."
    O treinador está convencido de que a geração atual está preparada para, mais uma vez, contrariar os prognósticos e mostrar superação com a camisa neozelandesa. O objetivo agora são as quartas de final. "Repeti várias vezes que eles precisam chegar entre os oito e acredito que temos condições de conseguir isso", avisa.