O momento não podia ser mais empolgante para o Braga. Depois de 90 anos de história e uma campanha europeia simplesmente extraordinária, os arsenalistas estão na final da UEFA Europa League, com encontro marcado com o vizinho e rival FC Porto. Dublin, na República da Irlanda, é o palco do sonho.

Celtic FC, Sevilla, Liverpool e Benfica são só alguns dos ilustres nomes que os Guerreiros do Minho deixaram pelo caminho até se tornarem uns verdadeiros Guerreiros da Europa. Agora, após a inédita presença na fase de grupos da UEFA Champions League e quatro eliminatórias da UEFA Europa League, tudo se decide num só jogo. Um momento único para qualquer jogador.

E um cenário ainda mais especial para três dos jogadores da equipa de Domingos Paciência. Miguel Garcia, Custódio e Hugo Viana jogaram, e perderam, a final da Taça UEFA de 2005 que o Sporting disputou com o CSKA de Moscovo, e, por isso, esta é uma autêntica segunda oportunidade.

“É o jogo da minha carreira, porque, sinceramente, nunca esperei voltar a disputar outra final europeia. Não posso desperdiçar esta oportunidade”, resume Miguel Garcia, que, após essa campanha europeia dos Leões em 2005, ficou conhecido como o “herói de Alkmaar”, por ter marcado, na Holanda, o golo que garantiu a presença do Sporting na final.  
O favoritismo não tem qualquer importância nestes momentos. As grandes armas para estes jogos são a humildade e a vontade de vencer. Além, claro, da qualidade deste grupo de jogadores
Custódio, do Braga, sobre a final diante do FC Porto

Curiosamente, foi outro ex-leão que selou a presença do Braga na final da UEFA Europa League. Custódio assinou o cabeceamento decisivo na segunda mão da meia-final com o Benfica, mas não dá demasiada importância ao estatuto de herói da Pedreira – como também é conhecido o estádio dos bracarenses – que lhe foi atribuído pelos adeptos e pela imprensa.

“Heróis são todos que fazem parte deste grupo fantástico de jogadores. Foi uma caminhada complicada, contra grandes equipas. É só isso faz de nós heróis”, responde o médio, destacando que “não são muitos os jogadores que se podem gabar de jogar duas finais europeias”. 

“A história já foi feita, que foi chegar à final. Agora, queremos algo ainda maior e ganhar o troféu”, acrescenta Custódio. Também Hugo Viana tem “expectativas muito elevadas” para o duelo com o FC Porto: “Tudo se resume a 90 ou 120 minutos e, por isso, não podemos pensar noutra coisa que não a vitória”.

“Estar numa final é muito bom, é algo inacreditável, mas temos de encarar o jogo com naturalidade, porque para vencer não podemos fazer disto um bicho de sete cabeças. Só assim poderemos trazer o troféu para Braga”, explica Hugo Viana.

Um rival bem conhecido
Dublin recebe a primeira final europeia 100% portuguesa da história e se o percurso europeu do Braga foi surpreendente, o que dizer da época do FC Porto? Os Dragões conquistaram o campeonato português sem sofrer qualquer derrota em 30 jogos, estão na final da UEFA Europa League e da Taça de Portugal. Argumentos suficientes para o próprio treinador dos bracarenses, Domingos Paciência, entregar o favoritismo ao rival, mas que não apaga a esperança arsenalista.

“O favoritismo não tem qualquer importância nestes momentos. As grandes armas para estes jogos são a humildade e a vontade de vencer. Além, claro, da qualidade deste grupo de jogadores”, diz Custódio. Uma vitória do Braga em Dublin até poderia surpreender muita gente, mas a surpresa faz parte do futebol, como este trio de jogadores do Braga sabe muito bem.

“Numa final tudo pode acontecer. Com o Sporting, em 2005, jogávamos em casa perante os nossos adeptos,  e, ao intervalo, pensávamos que o jogo já estava ganho, porque o CSKA ainda não tinha ido à nossa baliza. Depois, fomos surpreendidos. Agora, é verdade que a responsabilidade não é tão grande, mas o objectivo é o mesmo: ganhar”, lembra Miguel Garcia.

“Eu, o Miguel e o Custódio tudo faremos para conseguirmos um desfecho diferente da nossa última presença. O presente é o Braga, que tem elevado o seu nome bem alto no futebol europeu. E, depois do trajecto que tivemos, das equipas que eliminámos, este tem de ser um dia especial para nós. Temos de continuar a fazer história por este clube e por estes adeptos”, concluiu Hugo Viana.