A tranquilidade por trás de tanto ataque
Já houve um dia, nem muito tempo atrás, em que, entre tantos jogadores brasileiros que eram contratados por grandes equipes europeias, dificilmente se encontrava algum goleiro. Havia – com razão ou por preconceito – uma certa noção de que a posição era um ponto pouco confiável de um futebol que produz tantos talentos.
Isso definitivamente mudou, com nomes como Taffarel, Dida e Júlio César fazendo suas carreiras na Europa. Os guarda-redes brasileiros se espalharam pelo continente de um modo que hoje o fato parece até trivial. Até o ponto em que pouco se fala da carreira de alguém como Helton, que está por completar nada menos que a sétima temporada vestindo a camisa um de um clube como o FC Porto – onde o ex-vascaíno é capitão e ídolo da torcida.
“Sei que não é um feito qualquer e quanto trabalhei para chegar a esta condição”, conta o simpático goleiro dos Dragões em entrevista ao FIFA.com na véspera da final da UEFA Europa League diante do Braga, em Dublin. “Durante esses quase sete anos, acho que tenho deixado uma imagem positiva, e espero que isso sirva para abrir caminho para a molecada que vier para a Europa no futuro.”
Gols, só a favor
E esta sétima temporada não se trata, certamente, de uma qualquer. Os portistas já conquistaram o título da Liga invictos – apenas a segunda equipe na história a conseguir o feito – e nos próximos dias têm dois jogos em que podem completar uma trinca inesquecível: a decisão da Taça de Portugal, dia 22 diante do Vitória de Guimarães e, sobretudo, a decisão continental contra o Braga.
O elenco que tem maravilhado os torcedores é quase o mesmo que na temporada 2009/10 ficou com o 3º lugar da Liga, oito pontos atrás do campeão e arquirrival Benfica. O que tanto mudou, então? “Sabíamos que tínhamos um plantel forte e, desde o princípio, foi com humildade e empenho que seguimos as indicações do André Villas-Boas”, diz Helton, referindo-se à chegada do treinador de 33 anos, apenas alguns meses mais velho do que ele próprio. “Trata-se de um cara fabuloso. Mais do que técnico, é um amigo, que se relaciona com todos os jogadores de igual para igual.”
Villas-Boas armou uma equipe incrivelmente ofensiva, com o colombiano Radamel Falcao García e o brasileiro Hulk liderando um ataque que conta constantemente com a aproximação de gente como João Moutinho, Cristian Rodríguez e Fredy Guarín. E isso contra equipes fortes ou fracas; dentro ou fora de casa. Foi assim que o time marcou 73 gols nos 30 jogos da Liga e 43 nos 16 encontros pela UEFA Europa League.
Diante da ideia de que, para atuar assim, um time precisa ter muita confiança em quem tem a responsabilidade de evitar os gols, Helton dá uma longa e tímida risada. “Bom, espero que sim, né?”, responde ele. “Mas a verdade é que existe uma enorme confiança entre todos nós, inclusive no sistema defensivo. Você muitas vezes observa o Hulk e o Falcao retornando para ajudar a marcar. É por isso que tudo tem dado tão certo.” O “tão certo”, no aspecto defensivo, são 16 gols sofridos na Europa League e os mesmos 16 na Liga – de longe a defesa menos vazada do torneio.
A enorme vantagem com que o FC Porto conquistou o título português, com 84 pontos - 21 a mais do que o vice-campeão Benfica e incríveis 38 acima do 4º colocado Braga, adversário da decisão continental – teoricamente faz da equipe a favorita absoluta a conquistar seu segundo título no ano. Mas não para Helton. “Eu entendo que digam isso, mas é uma mentira. O futebol é muito traiçoeiro, principalmente quando estamos falando de uma disputa de título; de uma só partida”, argumenta o jogador nascido em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. “O Braga é uma equipe com uma base muito sólida, que se conhece bem desde a temporada passada e que tem feito história. Nenhum time chega numa final dessas à toa, e acho que isso diz tudo sobre a qualidade deles.”
Sono tranquilo
A regularidade à frente da meta do FC Porto fez muito para a imagem de Helton, mas não chegou a torná-lo nome recorrente nas convocações da Seleção Brasileira. Titular da traumática campanha na Olimpíada de Sydney, em 2000, o portista apareceu em listas apenas esporadicamente desde então – a última delas em 2007, sob o comando de Dunga, quando foi reserva de Doni na conquista da Copa América. Após tanto tempo como titular em Portugal, ser protagonista de um título internacional como a UEFA Europa League pode ser o passaporte para uma nova chance. Mas isso parece estar longe de ser preocupação para o goleiro.
“Olha, sinceramente, sei que seria um grande passo dentro da minha carreira com o FC Porto, e o reconhecimento da Seleção vem por causa do trabalho no clube, mas essa escolha é uma questão de gosto de cada treinador. Se a chance vier, será mais do que bem-vinda”, explica ele. “Mas isso não é algo que me tire o sono, pelo contrário: respeito muito todos os que têm estado na Seleção.”
De fato, melhor mesmo não perder o sono na véspera de um dia que é tão especial. Primeiro porque, quando acordar, Helton terá completado 33 anos de idade. E sobretudo porque, horas depois, pode receber de presente uma taça inédita para levantar.
Isso definitivamente mudou, com nomes como Taffarel, Dida e Júlio César fazendo suas carreiras na Europa. Os guarda-redes brasileiros se espalharam pelo continente de um modo que hoje o fato parece até trivial. Até o ponto em que pouco se fala da carreira de alguém como Helton, que está por completar nada menos que a sétima temporada vestindo a camisa um de um clube como o FC Porto – onde o ex-vascaíno é capitão e ídolo da torcida.
“Sei que não é um feito qualquer e quanto trabalhei para chegar a esta condição”, conta o simpático goleiro dos Dragões em entrevista ao FIFA.com na véspera da final da UEFA Europa League diante do Braga, em Dublin. “Durante esses quase sete anos, acho que tenho deixado uma imagem positiva, e espero que isso sirva para abrir caminho para a molecada que vier para a Europa no futuro.”
Gols, só a favor
E esta sétima temporada não se trata, certamente, de uma qualquer. Os portistas já conquistaram o título da Liga invictos – apenas a segunda equipe na história a conseguir o feito – e nos próximos dias têm dois jogos em que podem completar uma trinca inesquecível: a decisão da Taça de Portugal, dia 22 diante do Vitória de Guimarães e, sobretudo, a decisão continental contra o Braga.
O elenco que tem maravilhado os torcedores é quase o mesmo que na temporada 2009/10 ficou com o 3º lugar da Liga, oito pontos atrás do campeão e arquirrival Benfica. O que tanto mudou, então? “Sabíamos que tínhamos um plantel forte e, desde o princípio, foi com humildade e empenho que seguimos as indicações do André Villas-Boas”, diz Helton, referindo-se à chegada do treinador de 33 anos, apenas alguns meses mais velho do que ele próprio. “Trata-se de um cara fabuloso. Mais do que técnico, é um amigo, que se relaciona com todos os jogadores de igual para igual.”
Villas-Boas armou uma equipe incrivelmente ofensiva, com o colombiano Radamel Falcao García e o brasileiro Hulk liderando um ataque que conta constantemente com a aproximação de gente como João Moutinho, Cristian Rodríguez e Fredy Guarín. E isso contra equipes fortes ou fracas; dentro ou fora de casa. Foi assim que o time marcou 73 gols nos 30 jogos da Liga e 43 nos 16 encontros pela UEFA Europa League.
O Braga é uma equipe com uma base muito sólida, que se conhece bem desde a temporada passada. Nenhum time chega numa final dessas à toa, e isso diz tudo sobre a qualidade deles
Helton, goleiro do FC Porto
Diante da ideia de que, para atuar assim, um time precisa ter muita confiança em quem tem a responsabilidade de evitar os gols, Helton dá uma longa e tímida risada. “Bom, espero que sim, né?”, responde ele. “Mas a verdade é que existe uma enorme confiança entre todos nós, inclusive no sistema defensivo. Você muitas vezes observa o Hulk e o Falcao retornando para ajudar a marcar. É por isso que tudo tem dado tão certo.” O “tão certo”, no aspecto defensivo, são 16 gols sofridos na Europa League e os mesmos 16 na Liga – de longe a defesa menos vazada do torneio.
A enorme vantagem com que o FC Porto conquistou o título português, com 84 pontos - 21 a mais do que o vice-campeão Benfica e incríveis 38 acima do 4º colocado Braga, adversário da decisão continental – teoricamente faz da equipe a favorita absoluta a conquistar seu segundo título no ano. Mas não para Helton. “Eu entendo que digam isso, mas é uma mentira. O futebol é muito traiçoeiro, principalmente quando estamos falando de uma disputa de título; de uma só partida”, argumenta o jogador nascido em São Gonçalo, no Rio de Janeiro. “O Braga é uma equipe com uma base muito sólida, que se conhece bem desde a temporada passada e que tem feito história. Nenhum time chega numa final dessas à toa, e acho que isso diz tudo sobre a qualidade deles.”
Sono tranquilo
A regularidade à frente da meta do FC Porto fez muito para a imagem de Helton, mas não chegou a torná-lo nome recorrente nas convocações da Seleção Brasileira. Titular da traumática campanha na Olimpíada de Sydney, em 2000, o portista apareceu em listas apenas esporadicamente desde então – a última delas em 2007, sob o comando de Dunga, quando foi reserva de Doni na conquista da Copa América. Após tanto tempo como titular em Portugal, ser protagonista de um título internacional como a UEFA Europa League pode ser o passaporte para uma nova chance. Mas isso parece estar longe de ser preocupação para o goleiro.
“Olha, sinceramente, sei que seria um grande passo dentro da minha carreira com o FC Porto, e o reconhecimento da Seleção vem por causa do trabalho no clube, mas essa escolha é uma questão de gosto de cada treinador. Se a chance vier, será mais do que bem-vinda”, explica ele. “Mas isso não é algo que me tire o sono, pelo contrário: respeito muito todos os que têm estado na Seleção.”
De fato, melhor mesmo não perder o sono na véspera de um dia que é tão especial. Primeiro porque, quando acordar, Helton terá completado 33 anos de idade. E sobretudo porque, horas depois, pode receber de presente uma taça inédita para levantar.
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