Lucas Piazon: divertir vencendo

      Ao reunir qualquer turma de adolescentes de 16, 17 anos por um longo tempo, é natural que se espere muitas brincadeiras e descontração, e isso não muda no futebol. Agora, quando esses garotos estão agrupados em uma seleção nacional, prestes a disputar a Copa do Mundo da FIFA de sua categoria, o essencial talvez seja dosar essa alegria com um compromisso mais sério com a vitória.
Pelo menos é o que pensa o atacante Lucas Piazon, 17, jogador do São Paulo que tem um pré-contrato com o Chelsea e aparece como um dos destaques da lista preliminar do Brasil para o Mundial Sub-17 México 2011. Ele sabe que a expectativa em torno do futebol de qualquer formação da Seleção é de um futebol alegre, o espetáculo, ainda mais nas equipes de base, mas acredita que esse não pode ser o objetivo único a partir do dia 18 de junho.
“A gente tenta, primeiro, deixar uma boa impressão, mostrar nosso futebol, para todo mundo saber quem a gente é. Mas, se estivermos na briga pelo título, também pode ser que tenhamos de abrir mão dessa impressão um pouco”, afirmou ao FIFA.com.
Em formação
Piazon conta que essa questão já foi discutida pelo elenco no Sul-Americano vencido este ano no Equador. “Falamos sobre isso, que talvez a gente não precise jogar tão bonito, mas que, ainda assim, poderia ganhar o título. Nem que seja por 1 a 0, em vez de um 4 a 3”, explicou.
No campeonato continental, o Brasil começou sua campanha de modo irregular, mas embalou no hexagonal final, com mais segurança e somou quatro triunfos seguidos, com placar de todos os modos: um 3 a 1 para cima de Equador e Paraguai, um 3 a 2 diante da Argentina ou o 1 a 0 contra a Colômbia.
A primeira fase vai ser complicada para nós, pela presença da Dinamarca, que já ouvi falar que é um rival muito forte, e de um adversário africano. Se conseguirmos passar, vamos com muita confiança
Lucas Piazon
Com um grupo reformulado montado pelo técnico Emerson Ávila, homem de confiança do novo coordenador de base da Seleção, Ney Franco, Lucas afirma que essa subida de produção também se justificou pelo ganho de entrosamento no decorrer dos jogos. “Era muito menino novo, pois havia mudado tudo. Foram convocados alguns jogadores diferentes do que estávamos acostumados a jogar. Nos primeiros jogos a gente sentiu isso. No final, encaixou e foi dando tudo certo”, disse o garoto, que é um dos mais experientes do time, com dois Sul-Americanos e muitos amistosos internacionais disputados pela Seleção. Além disso, enfrentou adversários de outros países pelo São Paulo, clube ao qual chegou aos 14 anos, em 2008, vindo de Curitiba – momento em que teve a certeza de que encaminharia seu futuro, mesmo, nos gramados.
Bola e pés no chão
Para a Copa do Mundo, o entrosamento não deve ser um problema. Dos 20 campeões continentais, 15 foram pré-convocados por Ávila. Segundo Lucas, eles têm mantido um contato constante, especialmente pelas redes sociais, construindo um bom ambiente, que será retomado de modo direto e energizado a partir desta semana, na preparação final em Teresópolis. “Vamos agora ter duas semanas e pouco de treinamento. Às vezes a gente pode reclamar quando está muito tempo reunido, querendo que termine rápido, mas, quando fica longe, acaba sentindo falta.”
E a Seleção vai precisar desse entendimento logo de cara, no Grupo F, contra Austrália, Dinamarca e Costa do Marfim. Seja pelo o respeito aos oponentes como para poder impor seu estilo de jogo mais leve. “A primeira fase vai ser complicada para nós, pela presença da Dinamarca, que já ouvi falar que é um rival muito forte, e de um adversário africano. Se conseguirmos passar, vamos com muita confiança”, avalia. “A gente procura não levar o jogo para o contato físico. Não dá para ficar cruzando bola na área. Tem de botar a bola no chão, trocar passes e procurar espaços”, diz.
Esse é o tipo de jogo que a torcida mexicana deve querer ver em Guadalajara e Querétaro e que também o que favorece o futebol de Lucas Piazon, atleta que gosta de cair pelos lados do campo com velocidade, exibe um toque de bola de categoria e tem ótimo poder de finalização em movimento. O jovem atacante, porém, só avisa que, apesar da pouca idade, não descarta ser pragmático quando necessário.