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segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Libertadores: 30 anos depois do único título, Fla tem difícil missão em 2012

   Rubro-Negro disputará competição pela 11ª vez. Fase preliminar na altitude de Potosí preocupa e traz à tona recentes fracassos

Por Janir Júnior Rio de Janeiro

    O Flamengo recorda os 30 anos da conquista do Mundial Interclubes sobre o Liverpool, no dia 13 de dezembro de 1981. Antes de atingir o ápice do mundo, o Rubro-Negro da época teve que enfrentar a Libertadores. O time de Zico, Júnior, Nunes, Andrade e companhia venceu adversidades, agressões, partidas complicadas e três jogos decisivos e quentes contra o Cobreloa para conquistar a América. Muito tempo passou e a realidade e qualidade do time de 81 para o atual mudaram na mesma proporção do número de anos.
    Ao mesmo tempo em que sopra velinhas comemorativas, o Flamengo terá mais uma chance de sentir um gosto que provou uma única vez em dez tentativas. E há 30 anos.

renato augusto flamengo x real potosi (Foto: AP)
Renato Augusto disputa jogada contra o Potosí em 2007: meia precisou de oxigênio durante o jogo (Foto: AP)
 
    A comemoração pela quarta colocação do Flamengo no Brasileirão logo deu lugar ao estado de alerta. Em vez da fase de grupos, o time atual terá de encarar a pré-Libertadores.
    O adversário é o Real Potosí, com o jogo de ida no dia 25 de janeiro e o de volta, 1º de fevereiro. Mais do que o adversário em si, a altitude de 4 mil metros que encontrará em terras bolivianas assusta.
- É muito complicado jogar lá. Dá um zonzeira. O ar é diferente, até o cheiro, que parece de mato queimado. Antes da partida você não pode comer muito, pois senão dá vontade de vomitar. O jogador tenta puxar o ar de qualquer maneira, mas não adianta, não vem. Eu fui um dos únicos que não passaram mal. Você chuta e a bola ganha altura. A deles vão todas no gol, algumas nossas eram isoladas - recordou Ronaldo Angelim, que esteve em Potosí em 2007, mas está fora da missão de 2012.

   Naquela ocasião, as cenas de jogadores à beira do campo recorrendo aos balões de oxigênio chamaram a atenção. No vestiário, depois da partida, o cenário era de atletas extenuados e atordoados. O Rubro-Negro empatou em 2 a 2 na altitude. Depois, venceu por 1 a 0 no Maracanã.
 
Potosí: números e bom histórico na altitude


    O calendário boliviano é bem menos movimentado e badalado do que o brasileiro. Em 2011, o Real Potosí jogou 34 vezes, sendo 15 vitórias, 10 empates e nove derrotas, com 54% de aproveitamento. A campanha em casa foi boa: dez vitórias, quatro empates e três derrotas.
    O Potosí vai para a sua quinta disputa de Libertadores seguida. No total, disputou o time oito partidas fora da altitude. Os resultados nas quatro edições anteriores comprovam a fragilidade da equipe em atuações fora de seu "habitat natural": um empate e sete derrotas.
    O aproveitamento do time boliviano nas suas quatro participações até o momento é de 27%, sem nunca ter vencido uma partida fora de casa.
    Na famosa e temida altitude, no Estádio Victor Agustin Ugarte, o Real Potosí também jogou oito vezes pela Libertadores: três vitórias, três empates e duas derrotas.
- É um compromisso muito difícil em Potosí. Temos que fazer o melhor para não ficarmos apenas na pré. Só quem jogou lá sabe como é difícil - afirmou Léo Moura, que também esteve em 2007.

    Diante das dificuldades apontadas, Junior, campeão em 81, acredita que a missão há 30 anos era bem mais complicada do que atualmente.
- A Libertadores dos anos 80 era muito mais difícil pelos problemas com campos ruins, juízes parciais quando se jogava fora de casa e principalmente equipes bem mais fortes pelo fato de que naquela época ninguém ia jogar na Europa. Quanto à altitude, não tinha condição de aclimatação, íamos com a cara e a coragem. A altitude foi e será sempre um adversário a mais quando não se pode fazer o período de aclimatação - analisou Junior.

   A delegação rubro-negra chegará a Sucre, na Bolívia, dez dias antes da partida do dia 25, contra o Real Potosí, para fazer a aclimatação.
 
Rubro-Negro na Libertadores
    O Flamengo disputará a Taça Libertadores pela 11ª vez. Os outros anos em que o clube esteve no torneio foram 1981 (campeão), 1982, 1983, 1984, 1991, 1993, 2002, 2007, 2008 e 2010.
 
Retrospecto e traumas recentes
    Nas dez edições em que participou da competição, o Flamengo foi campeão uma única vez, em 1981, e semifinalista em duas oportunidades. No total, são 87 partidas, sendo 48 vitórias, 18 empates e 21 derrotas. E alguns traumas. Na Libertadores de 2007, o Rubro-Negro lutou, mas não conseguiu evitar a queda diante do Defensor-URU. Após perder por 3 a 0, fora de casa, o time conseguiu a vitória por 2 a 0 no Maracanã, mas ficou fora das quartas de final do torneio continental daquele ano. Em 2008, o Flamengo do então técnico Joel Santana foi eliminado pelo América-MEX em pleno Maracanã. Após vencer por 4 a 2 fora de casa, a equipe rubro-negra protagonizou um vexame, perdeu por 3 a 0 e deu adeus à Libertadores daquele ano. Em 2010, o Flamengo perdeu para o Universidad de Chile por 3 a 2 no Maracanã, venceu por 2 a 1 o jogo em Santiago e se despediu nas quartas de final.

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