Manchester United goalkeeper Alex Stepney is beaten by a penalty kick scored by Francis Lee for Manchester CityManchester City 3 x 3 Manchester United
Novembro de 1971, Campeonato Inglês, Maine Road

    Mais de 63 mil espectadores se reuniram para a partida em que o líder United visitou o terceiro colocado City. Os Citizens, que tinham Franny Lee em grande fase, criou as melhores oportunidades no início, mas não conseguiram superar o corajoso e ágil arqueiro Alex Stepney. Em um dado momento, Lee recebeu cartão amarelo por falta em George Best. Inconformado com o lance, ele reclamou que Best teria se atirado. Não satisfeito, imitou o adversário deitando-se no chão e remexendo-se de um lado para outro enquanto a torcida gargalhava. Best reagiu da melhor forma: levantou-se rapidamente e tocou para o jovem estreante Sammy McIlroy, de apenas 17 anos, abrir o placar para o United. Após o intervalo, Best cruzou, McIlroy deixou passar e Brian Kidd fez o segundo. Em seguida foi a vez de Lee cavar um pênalti e convertê-lo para descontar, comicamente abraçando o árbitro na comemoração e lançando um olhar ameaçador para Best ao retornar. O City chegou ao empate por meio de Colin Bell, que driblou o ótimo Stepney após passe milimétrico de Lee, mas Gowling não demorou a recolocar o United à frente. Faltando quatro minutos, Mike Summerbee driblou dois jogadores do United e mandou uma bomba que iria no ângulo, mas Stepney se esticou todo para salvar. Summerbee ajoelhou-se, incrédulo, mas poucos segundos depois pularia de alegria. Após o escanteio resultante ser afastado da área, o camisa 7 do City, mesmo marcado em cima, acertou um chute que bateu na parte de baixo do travessão e entrou para confirmar o 3 a 3. A grande prova da magnitude do jogo veio com o apito final, quando os jogadores que haviam batalhado durante os 90 minutos abraçaram-se respeitosamente.

Manchester United 0 x 1 Manchester City
Abril de 1974, Campeonato Inglês, Old Trafford

    Denis Law e o Manchester City tiveram um romance de 15 meses no início da carreira do atacante. O jogador da seleção escocesa e o Manchester United iniciaram logo em seguida um caso de amor apaixonado que durou 11 anos. Mas, quando os diabos vermelhos mandaram embora o atleta de 33 anos em 1973, foi justamente o velho rival que o acolheu. Fisicamente, Law mudou-se para Maine Road. Emocionalmente, continuou com o coração em Old Trafford. Na última rodada da temporada 1973/74 do Campeonato Inglês, o City enfrentou justamente o United, que precisava da vitória para evitar um terrível rebaixamento à segunda divisão. Faltando seis minutos, o jogo continuava sem gols. Enquanto o United, que jogava em casa, buscava o gol da vitória, o City parecia esgotado. Porém, em um raro lance de ataque do time visitante, Franny Lee cruzou para Law, que estava marcado e de costas para o gol. Parecia impossível chutar, mas o hábil atacante soube improvisar para tocar de calcanhar e balançar as redes. Devastado, Law baixou a cabeça e saiu de campo imediatamente, para nunca mais jogar uma partida como profissional. Os torcedores do United invadiram o campo. O árbitro encerrou a partida. O escore, porém, permaneceu. Logo todos ficaram sabendo que resultados paralelos teriam condenado o time de Tommy Docherty ao rebaixamento de qualquer maneira. Só que Law não sabia. "Fiquei inconsolável", recordou posteriormente. "Estava totalmente devastado. Eu amava (o United). Os jogadores eram amigos meus, assim como também a comissão técnica e o pessoal de apoio. Nunca superei aquele gol."

Manchester City 2 x 3 Manchester United
Novembro de 1993, Campeonato Inglês, Maine Road

    Quatro dias antes, o Manchester United havia sido eliminado da Liga dos Campeões da UEFA pelo Galatasaray após jogar fora uma vantagem de dois gols. O City estava invicto em casa desde a chegada do técnico Brian Horton três meses antes, e a invencibilidade parecia destinada a continuar quando o gigante Niall Quinn ampliou o placar de cabeça para 2 a 0. Eric Cantona aproveitou uma lambança da zaga adversária para reduzir o déficit, e o goleiro Peter Schmeichel se responsabilizou por não deixar o City ampliar. Faltando 12 minutos, pouco depois de Alex Ferguson gritar com Cantona por este estar jogando muito recuado, o francês matou no peito na meia-cancha, com oito companheiros de equipe à sua frente, e partiu para o ataque fazendo embaixadinhas. Ele tocou para Roy Keane, e a bola chegou até Ryan Giggs, cujo cruzamento de primeira encontrou no segundo poste o próprio Cantona, que com um mero toque concluiu uma jogada brilhante. Então, a três minutos do fim, um toque genial de Lee Sharpe achou Denis Irwin, que vinha em disparada pela esquerda e cruzou para Keane colocar de carrinho para o fundo das redes e consolidar a inesquecível virada.

Manchester United 4 x 3 Manchester City
Setembro de 2009, Campeonato Inglês, Old Trafford

    O bom relacionamento entre Alex Ferguson e o ex-discípulo Mark Hughes já não era mais o mesmo no momento em que os dois se enfrentaram no comando dos grandes rivais de Manchester. A dupla trocou farpas às vésperas de uma partida que gerava ainda mais expectativa pelas presenças de Dimitar Berbatov, que havia esnobado o City ao assinar contrato com United 12 meses antes, e Carlos Tévez, que tinha recentemente trocado a camisa vermelha pela celeste em circunstâncias bastante polêmicas. Em busca do inédito tetracampeonato consecutivo, o United não contava mais com Cristiano Ronaldo. Além disso, os enormes investimentos do City haviam posto abaixo a ideia de que o clássico era um confronto de Davi e Golias. Porém, poucos instantes foram suficientes para mostrar que as coisas não haviam mudado tanto. Logo aos dois minutos, Patrice Evra tocou para Wayne Rooney, que deixou para trás dois adversários na entrada da área e tocou com sutileza para o gol. O City levou menos de 15 minutos para responder: Tévez, especialista em recuperar lances perdidos, roubou a bola do goleiro Ben Foster pela ponta esquerda e recuou para Gareth Barry, que chutou com efeito fora do alcance de Rio Ferdinand e para dentro da meta desguardada.
   Logo depois do intervalo, o United desempatou a partida: Darren Fletcher subiu mais alto do que Wayne Bridge para cabecear um cruzamento de Giggs. No entanto, mais uma vez a vantagem durou pouco, e logo Craig Bellamy empatou com um chute no ângulo. Jogando em casa, a equipe de Alex Ferguson parecia ter garantido a vitória faltando dez minutos, quando Fletcher cabeceou outro cruzamento de Giggs. Só que o City conseguiu empatar novamente no último minuto do tempo regulamentar: o veloz Bellamy aproveitou um erro de Ferdinand, acelerou para se livrar do zagueiro da seleção inglesa, driblou Foster e tocou no canto para fazer 3 a 3. O juiz havia indicado quatro minutos de descontos, mas as comemorações prolongadas dos jogadores do City acabaram levando o jogo até os 51. E foi justamente no último desses minutos que um belo passe de Giggs encontrou Michael Owen, que anotou aquele que finalmente pôde ser comemorado como o gol da vitória, provocando uma onda de euforia e vibração ainda maior. Ferguson classificou o jogo como "provavelmente o maior clássico de todos os tempos", e com toda a razão. "O que você preferiria: uma vitória por 6 a 0 ou o maior clássico de todos os tempos?", questionou, feliz pelo triunfo histórico.