A primeira final para a Venezuela

    GostSemifinalista inesperada da Copa América 2011, a Venezuela acabou confirmando em solo argentino uma evolução que já vinha acontecendo há três anos. Com isso, o patinho feio do futebol sul-americano deixou a obscuridade da última posição e já sonha alto: quer uma vaga no Brasil 2014.
   A seleção vinotinto pode até ter demorado a amadurecer, mas vem ficando cada vez mais encorpada. Desde 2009, quando chegou às oitavas de final da Copa do Mundo Sub-20 da FIFA, a sua primeira participação em um torneio realizado pela entidade máxima do futebol, a pequena força sul-americana mostrou que pode, sim, flertar com os grandes. "Temos um grupo talentoso, que pode acreditar nas suas chances", falou ao FIFA.com Ronald Vargas, ex-jogador do Caracas que há três anos atua no futebol belga.
   Ausente da Copa América deste ano por lesão, o meia do Anderlecht representa a nova geração venezuelana. Ao contrário de nomes como Salomón Rondón e Yohandry Orozco, Vargas tem presença inconstante na seleção, fruto de duas longas ausências desde que chegou à Europa. "Espero aproveitar estas eliminatórias para me destacar, mas o caminho será longo", admite.
   "Venho de contusão e só agora estou recuperando a minha forma física", explica o jogador, destaque nos seis primeiros meses da última temporada do Campeonato Belga, com 15 gols. De volta aos gramados, Vargas está pronto para encarar a luta pela classificação para o Brasil 2014. A mensagem é bastante clara. "Precisamos encarar cada jogo como uma final. A mentalidade e a motivação farão a diferença, mais do que a condição física e técnica."
Potencial para crescer
   
Única seleção do continente a jamais ter disputado o maior evento futebolístico do mundo, a Venezuela está determinada a reeditar a bela campanha que fez para chegar à histórica semifinal da Copa América. Com os seus melhores jogadores se transferindo para o futebol europeu, e a exemplo do Caracas, que chegou às quartas de final da Libertadores em 2009, o combinado venezuelano já não remete mais àquela nação com um histórico de 74 derrotas no torneio classificatório.
   Na última edição, a Vinotinto sofreu oito derrotas e chegou dois pontos atrás do Uruguai, que acabou ficando com a vaga para a repescagem. Decididos a não deixarem subir à cabeça o bom desempenho da campanha rumo à África do Sul, os venezuelanos redobram os esforços para assumir de vez o status de seleção emergente. E o primeiro grande passo já foi dado, quando o país ficou entre os quatro melhores na competição continental.
   "Este grupo ainda tem muito potencial para crescer e a Copa América não pode ser um sucesso isolado", ambiciona Vargas, para quem estrear fora de casa, contra o Equador, não é necessariamente uma coisa ruim. "Vamos precisar buscar os pontos de todas as maneiras como visitante e nos impor dentro de casa."
   Quatro dias após o jogo em Quito, o grupo comandado por César Farias recebe a Argentina em Puerto La Cruz. Com a ausência da Seleção Brasileira, a Albiceleste surge como a grande favorita da competição. Por outro lado, a maior possibilidade de obter uma vaga é a motivação certa para uma equipe em ascensão. "Sem o Brasil, todas as equipes estarão mais embaladas", alerta Vargas. E depois de ter esperado até 1982 para conseguir a sua primeira vitória nas eliminatórias, a Venezuela quer garantir agora a sua primeira participação no grande palco do futebol mundial.
    Com Farias orientando o talentoso Vargas e seus companheiros, o selecionado venezuelano já mostrou que merece todo o apoio da torcida. Mas para ganhar de vez o coração dos compatriotas, só falta mesmo a tão sonhada vaga na Copa do Mundo da FIFA 2014.