Renascimento celeste
  Na África do Sul, o Uruguai encerrou um longo período de espera para chegar a uma semifinal da Copa do Mundo da FIFA. Foram 11 anos. Pois agora, um pouco mais de 12 meses depois – mais precisamente um ano e dois dias –, a equipe voltará a figurar entre os quatro últimos representantes da Copa do Mundo Sub-17 da FIFA México 2011. Pela segunda vez consecutiva, entre os melhores, como nos bons e velhos tempos.  
  Dependendo do parâmetro avaliado, a espera pode parecer muito, ou, relativamente, pouco. Porém, no caso de uma seleção bicampeã mundial e olímpica, retornar aos grandes palcos para o Uruguai, depois dessa longa estação vivendo um certo ostracismo, o momento é uma questão de resgatar o orgulho e fazer valer a alcunha de Celeste Olímpica.
  “É algo muito importante, porque são as competições no futebol em que podemos medir nosso trabalho, a condição de nossos jogadores”, afirmou ao FIFA.com o técnico Fabian Coito. “Bem, são categorias diferentes, onde se pode ver coisas distintas no jogo, mas cada uma tem sua importância. É a maior competição em cada categoria, então é muito importante estar entre as quatro melhores equipes. Já é difícil jogar um Mundial, já é difícil passar pela primeira fase, e é mais complicado ainda ficar entre os quatro do mundo”
Um novo gás
  Houve um tempo em que ficar entre os quatro era obrigação para os uruguaios, um peso reservado a poucas nações. E aqui vale colocar em contexto sobre o país, que tem população inferior a 4 milhões de pessoas e cuja área caberia por cerca de 48 vezes dentro do território brasileiro. Não estamos falando de uma potência natural, portanto. Mas estamos falando de um país que esteve entre os mandantes do futebol, sendo bicampeão mundial em 1930 e 50 e olímpico em 1924 e 1928, e viu, em algum momento, essa força escoar pelas mãos.
  Agora, de modo inédito entre os quatro semifinalistas do torneio sub-17, o Uruguai repete as campanhas sub-20 de Tunísia 1977, Japão 1979, Malásia 1997 e Nigéria 1999. Essa é a primeira vez, porém, que a seleção se coloca nesse status acompanhando a equipe principal. A campanha história na África do Sul 2010, então, já rende sua influência.
  “Eu penso que sim, que já causa algum impacto”, afirma Coito. “A forma de trabalhar de todas as seleções nacionais no Uruguai vem sendo por um processo em que todos os treinadores das seleções de base são conduzidos pelo maestro Tabárez (Oscar, treinador da equipe principal). Temos interagido, e isso significa que há relação entre a seleção principal e as juvenis.”
Para observar  Agora, podendo ver de perto o talento do atacante Diego Forlán, eleito o Bola de Ouro adidas na África do Sul 2010, e testemunhando também a ascensão dos dianteiros Edinson Cavani e Luis Suárez na Europa, os garotos uruguaios têm a quem mirar para dar sequência aos passos iniciais de suas carreiras.
  Já que eles jogam sua primeira Copa do Mundo da FIFA simultaneamente à disputa da Copa América por seus ídolos, o desafio é manter muito de sua atenção no que vem pela frente no México, com o clássico contra o Brasil marcado para quinta-feira, mas, ao mesmo tempo, sem perder de vista o se passa com seus ídolos na competição continentel disputada na Argentina. “Agora, de certa maneira, eles são companheiros de equipe”, diz Coito. “Para o nosso futebol, esse é um golpe motivacional muito grande, para que sigamos trabalhando, e que continuemos tentando nos posicionar entre os melhores.”