Australia sonha com o topo
  Há quatro anos, em uma campanha inédita que representou uma verdadeira conquista, a Austrália chegou às quartas de final da Copa do Mundo Feminina da FIFA sob o comando do técnico Tom Sermanni. Agora, Sermanni quer provar que a sua seleção pode se consolidar como uma das principais forças do futebol feminino mundial.
  Experiência, ele tem de sobra: é o único treinador da Alemanha 2011 que participou do Mundial Feminino de 1995. Eleito em 2007 o melhor técnico da Ásia, Sermanni acumula também passagens por clubes da Austrália, do Japão e dos Estados Unidos. Em 2010, as "matildas" foram a primeira seleção australiana a conquistar o título asiático desde que o país saiu da esfera da Oceania há cinco anos e passou a integrar a mais extensa confederação do mundo todo.
  Integrante do Grupo D, a Austrália abre a campanha contra o Brasil antes de enfrentar Guiné Equatorial e Noruega. Com a terceira média de idade mais baixa da Alemanha 2011, o talentoso e arrojado conjunto australiano chega com o moral elevado após derrotar México e Inglaterra nos amistosos desta semana.
  A cinco dias da estreia contra Marta e Cia. em Mönchengladbach, Sermanni conversou com o FIFA.com sobre a nova cara da sua seleção e os preparativos para a Alemanha 2011. O técnico escocês também apontou as favoritas ao título e analisou as mudanças do futebol feminino nos últimos quatro anos.
FIFA.com: Quais são as principais virtudes desta seleção australiana versão 2011?
Tom Sermanni:
Acho que entre os aspectos positivos deste elenco se encontram a velocidade e a movimentação. Contamos com diversas jogadoras de qualidade e várias jovens audaciosas. O grupo está unido, e o ambiente é ótimo. As meninas têm demonstrado muita energia, tanto dentro quanto fora de campo. Tudo isso isso é importante.
Quais são as vantagens e as desvantagens de ter tantas jovens no elenco?
  tudo vai bem, não existe problema nenhum. Mas é nos momentos difíceis que a gente vê quem se destaca e quem sente o peso da situação. O bom é que neste grupo há uma energia e uma confiança que não existiam, digamos, oito ou nove anos atrás. Embora as jogadoras ainda sejam muito jovens, elas já estão um pouco mais calejadas por terem disputado alguns campeonatos na Ásia. O ritmo e a velocidade dessas meninas são os pontos fortes da nossa seleção.
Você acredita que a experiência não é tão importante quanto no futebol masculino?  Seja qual for o esporte, as mulheres geralmente têm oportunidades mais cedo do que os homens. Não existe toda aquela hierarquia do esporte 100% profissional, e por isso surgem tantas oportunidades e a experiência influencia menos.
Está satisfeito com a preparação final da seleção?
  Estou muito satisfeito com o nosso nível atual. Conquistamos duas vitórias convincentes, exibindo energia durante os 90 minutos e jogando um belo futebol. Todo mundo está em plena forma, portanto o ambiente é o melhor possível.
A seleção está animada para enfrentar o Brasil e disputar uma Copa do Mundo Feminina da FIFA?
Acho que sim, agora é que estamos começando a nos dar conta de que vamos jogar um Mundial. Ficamos concentrados em um excelente campo de treinamento e curtimos toda a cultura do futebol que nos cercava. Tudo é muito motivante para as jogadoras.
Em quem você aposta na Alemanha 2011?
  Para mim, a Alemanha é claramente a favorita. Brasil e Estados Unidos já demonstraram que também podem ser campeões. Fora esses três, há um grande grupo de seleções, cerca de sete ou oito, que podem chegar longe na competição se tudo der certo e elas engrenarem. Acredito, sinceramente, que hoje em dia não há uma grande distância entre as equipes.
Que fatores contribuíram para o crescimento do futebol feminino australiano nos últimos anos?  As duas coisas mais importantes foram a mudança para a Ásia e a criação da W-League (a liga nacional feminina). A mudança para a Ásia nos levou a reavaliar o nosso programa e a revisar a nossa filosofia no tocante ao treinamento e ao perfil de jogadoras que deveríamos formar. Basicamente, isso nos ajudou a deixarmos de ser vistos apenas como uma seleção competitiva para nos tornarmos um adversário capaz de vencer campeonatos. Tudo isso foi fundamental para aperfeiçoarmos o nosso perfil de jogadoras, além de ter aberto as portas para as meninas.
Como o futebol feminino, de maneira geral, se desenvolveu desde a China 2007?  O futebol feminino cresceu e progrediu de forma significativa, tornando-se mais rápido e técnico, enquanto as equipes amadureceram taticamente. Além disso, a distância entre as seleções está cada vez menor, assim como tem acontecido no futebol masculino.