No dia 14 de setembro de 2010, o Manchester United entrou em campo para fazer a sua estreia na Liga dos Campeões da UEFA diante do Rangers. O que era para ser uma festa, entretanto, se transformou em data a ser esquecida. Além de empatar sem gols em casa, a equipe perdeu Luis Antonio Valencia, gravemente lesionado. O anúncio dos médicos, em seguida, completou o drama: com uma fratura no tornozelo, o equatoriano estaria fora do restante da temporada.
Tanto time como jogador, porém, desafiaram as previsões pessimistas e demonstraram um incrível poder de recuperação. Sete meses depois, os Diabos Vermelhos lideram com folga o Campeonato Inglês e estão nas quartas de final da Liga dos Campeões, tendo vencido a primeira partida contra o Chelsea em pleno Estádio Stamford Bridge por 1 a 0. Já o meia voltou a ser titular do time.
"Estou me sentindo muito bem", conta, aliviado, ao FIFA.com. "Venho entrando nos últimos jogos e estou contente. Agora, já posso dizer que estou plenamente recuperado. Estes seis meses sem jogar foram um pouco difíceis, principalmente no início. Mas quando você começa a ver que está melhorando, fica animado e passa a pensar apenas em jogar."
O retorno não poderia ter sido em melhor momento, já que a reta final da temporada tem tudo para dar boas alegrias ao clube. Para começar, o United é líder da Premier League com sete pontos de vantagem sobre o Arsenal, que tem um jogo a menos. "Ainda está difícil, porque faltam seis partidas complicadas", analisa Valencia. "Só espero que a equipe esteja cem por cento para poder conquistar um título."
Na outra frente, o Manchester United precisa apenas de um empate para alcançar as semifinais da Liga dos Campeões. "Estamos muito perto, mas ainda não há nada definido, porque o Chelsea tem ótimos jogadores e é sempre um adversário difícil", diz o meia, com cautela. Valencia, no entanto, não se furta a revelar um palpite, ou melhor, um desejo para a decisão dos sonhos. "Há bons times e tudo pode acontecer, mas espero que a final seja entre Manchester e Real Madrid."
A vida em Manchester
Embora ainda tenha saudades do seu país, o jogador de 25 anos se sente completamente à vontade com a vida na Inglaterra. "Foi uma adaptação complicada no primeiro ano, mas que consegui superar com a ajuda dos companheiros e do treinador", recorda, antes de elogiar a espetacular chegada do mexicano Javier "Chicarito" Hernández ao time. "Ele está indo muito bem, não teve nenhuma dificuldade para se adaptar aqui. É muito importante para o Manchester que ele se sinta tão à vontade e marque tantos gols."
No dia a dia dos treinos, Valencia se espelha em um companheiro em especial: o veterano Ryan Giggs. "Luto para crescer e melhorar a cada dia. Gosto muito do jeito de trabalhar do Giggs, é uma pessoa que admiro demais, um grande profissional e companheiro. E digo a você que, pelo que vejo, ele pode continuar jogando por muito mais tempo."
O desafio na América do Sul
Com a temporada de clubes se aproximando do fim, o volante equatoriano já vislumbra o próximo objetivo do ano: a Copa América. "Será um teste importante para as eliminatórias do Brasil 2014. Estamos começando uma nova etapa com o professor Reinaldo Rueda, que está implantando um novo sistema, então ainda estamos nos adaptando. Na Argentina, os favoritos serão os mesmos de sempre: os anfitriões e o Brasil. Mas espero que o Equador também possa ser protagonista. Seria legal que uma outra seleção erguesse a taça", defende o jogador.
Para que esse privilégio caiba ao Equador, contudo, Valencia sabe que o caminho não é fácil. A seleção divide a chave com dois países que participaram da Copa do Mundo da FIFA 2010. "Na América do Sul, todos os grupos são sempre difíceis, mas acho que desta vez o Equador caiu no mais complicado, ao lado de Paraguai e Brasil", analisa. "Tampouco podemos desprezar a Venezuela, que vem crescendo muito. É uma chave dura, mas estamos trabalhando bem e ainda temos dois meses pela frente para nos prepararmos."
Ao citar as seleções que estiveram no Mundial, o meia reconhece uma certa tristeza por não ter ido à África do Sul. "Dá um pouco de raiva não conseguir a vaga e ver outras seleções no seu lugar depois de já ter estado lá. Mas são coisas do futebol." É ainda mais decepcionante para quem sabe o que é uma Copa do Mundo da FIFA, como Valencia, que na Alemanha 2006 foi um dos finalistas do prêmio de melhor jogador jovem do torneio. "Foi uma motivação a mais na minha carreira para continuar trabalhando duro e buscar outras conquistas. Mas já não dou tanta importância ao prêmio, porque prefiro me concentrar no que tenho pela frente."
De jovem promessa a astro do futebol a ser imitado? "Não, astro não. Mas, como estou em um time grande, as pessoas me olham como uma referência. Acontece que eu só trabalho pelo grupo, para que a seleção siga adiante. Espero que consigamos nos classificar para o Brasil. Sonho em ganhar muitos títulos no Manchester, conquistar uma Copa América e ser protagonista de uma Copa do Mundo com o Equador, para dar muitas alegria ao país", conclui com ambição.