Sem zagueiros, treinador calça chuteiras em clássico de Mato Grosso
Ex-jogador, técnico do Sorriso participa dos 90 minutos do jogo contra o Luverdense e acaba goleado por 4 a 1
Com a camisa 3, treinador Capone tentou levar o
Sorriso a vencer clássico (Foto: Reprodução/TVCA)
Sorriso a vencer clássico (Foto: Reprodução/TVCA)
Três ingredientes não podem faltar em um clássico do futebol: rivalidade, goleada e torcida apaixonada. O que dizer então de um técnico que abdica da sua posição para entrar em campo com os jogadores, ou ainda de um vice-presidente que abandonou às pressas a rotina de um escritório para comandar uma partida oficial do time que dirige administrativamente e de sobra, ter em campo o irmão de Leandro Damião, do Inter? Eis a versão mais eletrizante do clássico da Soja, que colocou em lados opostos do gramado Luverdense e Sorriso pelo Mato-grossense de Futebol 2012, na noite de quarta-feira.
Com campanhas semelhantes no campeonato estadual até se encontrarem, apenas uma vitória para cada lado, Luverdense e Sorriso radicalizaram nesta quarta-feira. Numa decisão pra lá de inusitada no futebol, o treinador do Sorriso, Carlos Alberto Capone, resolveu calçar as chuteiras e jogou durante os 90 minutos da partida na zaga do time que comanda. Alegando não poder contar com dois zagueiros que estão machucados e outro que acabou expulso na partida anterior, Capone não pensou duas vezes em se inscrever para o jogo.
Opresidente do clube, Celso Kozak, ressaltou que a ideia de escalar Capone entre os 11 titulares se concretizou devido aos desfalques na equipe.
- Estamos com um jogador machucado, outro expulso e mais um com luxação no braço que não vão vestir a camisa do Sorriso tão cedo. Estamos esperando mais um jogador que ainda não chegou e, por isso, Capone foi relacionado para a partida – confirmou Kozak.
Experiência dentro e fora dos gramados
Prevendo que um dia fosse necessário entrar em campo, Capone treina com os atletas desde que passou a treinar o Sorriso. Experiente no futebol, o treinador tem 39 anos de idade e antes de passar a comandar um time foi jogador por vários anos. O auge na carreira ocorreu quando levantou a Taça da UEFA na temporada 1999/2000 pelo Galatasaray, da Turquia.
Experiente nos gramados, Capone já levantou a
taça da UEFA (Foto: Reprodução/TVCA)
taça da UEFA (Foto: Reprodução/TVCA)
O convite para comandar o Sorriso surgiu na pré-temporada do clube, que utilizou a estrutura do Mogi-Mirim, time da primeira divisão do Paulista, que até então era treinado por Capone. Mas tanto esforço não surtiu muito efeito. A zaga foi mal, e o Luverdense goleou por 4 a 1.
- Foram falhas de desatenção. Mas a nossa equipe equilibrou o jogo. Demos espaço. Tomamos uns gols por falhas nossas – ressaltou o zagueiro-treinador, que reconheceu estar um pouco acima do peso.
Sem vencer por duas rodadas seguidas, Capone só pensa no restabelecimento do elenco para a próxima partida do estadual. Ele não descarta novas participações no estadual.
- Se for necessário, vou entrar novamente em campo – afirmou.
Para o Mato-grossense deste ano, o Sorriso foi totalmente reformulado e conta com apenas um jogador que disputou o estadual no ano passado. O restante do grupo é composto por jogadores de outros estados brasileiros.
Invicto no clássico
O desempenho do Luverdense no clássico não é surpresa. Com o resultado desta quarta-feira, o time carimba a 19ª vitória em cima do Sorriso. No retrospecto, são 15 vitórias, três empates e apenas uma derrota. A diferença é que desta vez algo inusitado também aconteceu no lado do Verde do Norte.
Sem treinador, o vice-presidente, o empresário Jaime Binsfield, foi quem levou o time a vencer o maior rival. O clube demitiu na véspera do clássico o treinador Éder Taques e anunciou em seguida o nome de Dado Cavalcanti, que estava no Ypiranga, time do campeonato Pernambucano. Como o novo técnico só estaria pronto para assumir o Luverdense após o clássico, Binsfield foi convocado para a função e assumiu de pronto.
Vice-presidente do Luverdense se tornou técnico
no clássico (Foto: Assessoria-LEC)
no clássico (Foto: Assessoria-LEC)
Um dia antes do clássico, Binsfield disse ao GLOBOESPORTE.COM que estava preparado para a função, pela experiência adquirida em campeonatos amadores e na convivência com o elenco.
- Eu conheço bem o elenco e a característica de cada jogador. Conto com o profissionalismo de cada um deles para a partida. Não teremos problemas com relacionamento porque todos são do meu convívio – salientou Binsfield.
Nos 90 minutos da partida, ajudado pelo treinador Thiago, da base do Luverdense, que passava orientações em um radiocomunicador, o esquema tático de Binsfield surtiu efeito.
- O nosso time foi rápido, jogou pelo flancos e fez com que a gente buscasse o placar. Essa noite foi histórica - disse o treinador de primeira viagem.
Artilharia no clássico
O Luverdense abriu o placar nos primeiros minutos com o camisa 10, Rubinho. Em seguida, aos 8 minutos, Valdir Papel aproveitou um cruzamento e também marcou. O terceiro gol surgiu de uma cobrança de pênalti. Valdir Papel cobrou e balançou a rede pela segunda vez na partida. O Sorriso ainda reagiu aos 39 minutos do primeiro tempo, com gol de Nilton. A goleada fechou aos 11 minutos do segundo tempo com Matheus.
Na partida, Valdir Papel marcou dois gols e divide a artilharia do campeonato com o atacante Fernando, do Cuiabá. Nos minutos finais, Edmar Damião, irmão de Leandro Damião, do Inter, entrou em campo e fez bonito no clássico.
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