É a dura lei do futebol: nem sempre vence o melhor. Pelo menos essa foi a máxima utilizada por Julen Lopetegui após a eliminação da Espanha frente ao Brasil nas quartas de final da Copa do Mundo Sub-20 da FIFA 2011. Tudo bem que se trata de um comentário subjetivo do técnico perdedor após uma partida de alto nível, mas é preciso reconhecer que, se a Fúria não foi a melhor, tampouco foi a pior...
  "Foi um jogo muito emocionante para os torcedores", confirmou o meio-campista Koke, que, apesar da eliminação, parou para conversar com o FIFA.com. "As duas seleções tentaram jogar um belo futebol e por isso a partida teve tantas jogadas bonitas." Algumas delas, inclusive, saíram dos pés do jogador do Atlético de Madri, mas tanto ele quanto os companheiros tiveram de se contentar em ver as redes adversárias balançarem apenas duas vezes em 120 minutos. "Tivemos chances claras de gol, mas não conseguimos convertê-las. O goleiro brasileiro fez uma excelente partida. O mérito da classificação é dele."
Só podia ficar umOs tempos mudam
  O jovem espanhol, autor de um gol na vitória por 4 a 1 sobre a Costa Rica, provou ser bom perdedor e, apesar de tudo, não considerou a eliminação precoce uma grande decepção. "Viemos com o objetivo de conquistar o título e, por isso, sair nas quartas de final está abaixo das nossas expectativas", explicou Koke, enquanto os seus companheiros saíam um por um do Estádio Hernán Ramírez Villegas com o semblante fechado. "Mas enfrentamos uma ótima seleção e ambos sabiam que uma das melhores equipes do torneio teria de ir embora. Este jogo teria sido a final ideal. Poderíamos ter vencido no tempo regulamentar ou nos pênaltis, mas não conseguimos, e nos tiros livres tudo pode acontecer. Os dois mereciam ganhar, mas desta vez foi o Brasil."
  Embora não tenha superado o obstáculo verde-amarelo, a Espanha sub-20 confirmou uma tendência surgida há alguns anos na hierarquia das seleções. Ainda que o Brasil continue sendo uma referência em matéria de bom futebol, ele hoje se vê superado pela escola espanhola e, diante dela, é obrigado a jogar no contra-ataque. A época em que os craques brasileiros monopolizavam a bola, castigavam os adversários e encantavam o público parece ter ficado no passado. Hoje, essas características constituem o selo de qualidade da Fúria. "Quero que os meus jogadores fiquem orgulhosos do que fizeram, pois conseguiram dominar o Brasil", analisou o técnico Lopetegui na coletiva de imprensa. "Acredite em mim, ter mais posse de bola que o Brasil, com jogadores que, além de tudo, estavam cansados da partida contra a Coreia do Sul, é um sinal de qualidade desta seleção."
De um favorito a outro
  Koke, um dos principais destaques da Espanha no torneio, não poderia senão confirmar as palavras do seu treinador. "Fizemos um belo campeonato, foi uma grande experiência para nós", reconheceu Jorge Resurrección, nome completo do meio-campista. "Espero que tenhamos a chance de tirar proveito dela e um dia jogar na seleção principal. Estamos decepcionados por ter de voltar para casa, mas não podemos culpar ninguém além de nós mesmos. Temos de analisar o que fizemos de errado e tirar as lições para o futuro."
  O futuro desta geração sub-20 da Espanha acabou na cidade de Pereira, ainda que muitos dos seus integrantes certamente tenham um destino brilhante pela frente. Já a competição colombiana ainda não terminou e, embora tenha perdido um dos seus favoritos, viu outro seguir em frente. "Acho que o Brasil tem tudo para ganhar agora", apostou Koke. "Todos que acompanharam o jogo imaginaram que quem vencesse seria o favorito para ficar com o título. Não será uma tarefa fácil, porque ainda restam seleções muito boas, mas agora os brasileiros são o time a ser batido. Derrotar a Espanha deve ter deixado o Brasil ainda mais confiante. Acho que eles vão até o fim."
  Os brasileiros agradecerão as palavras dos perdedores e, sem dúvida, teriam demonstrado o mesmo sentimento em relação à Espanha se o cara ou coroa dos pênaltis tivesse caído do outro lado da moeda.