A dura eliminação ainda na fase de grupos da Copa do Mundo da FIFA 2010 abalou o moral da grande geração de jogadores da seleção marfinense. No entanto, a recuperação foi mais rápida do que o previsto. Desde a campanha na África do Sul, marcada por uma derrota contra o Brasil, um empate com Portugal e uma vitória sobre a Coreia do Norte, a Costa do Marfim se reergueu graças a seis triunfos em sete jogos e, de quebra, superou uma marca histórica ao atingir a 14ª posição no Ranking Mundial da FIFA/Coca-Cola, a mais alta desde a criação do sistema.
  Entre os resultados, destacam-se as quatro vitórias que garantiram 100% de aproveitamento nas eliminatórias para a Copa Africana de Nações 2012 e e a confirmação da vaga antecipada para o torneio do ano que vem. No mesmo período, os marfinenses ainda foram mais longe derrotando a poderosa Itália com um gol de Kolo Touré justamente na estreia de Cesare Prandelli como técnico da Azzurra. O tropeço diante da Polônia em Poznan, no final do ano passado, foi rapidamente esquecido pela vitória sobre Mali em amistoso disputado em fevereiro.
  Aquela vitória pelo escore mínimo sobre os malineses, aliás, foi duplamente importante por ter marcado o retorno de Didier Drogba, que havia sofrido uma cirurgia depois da participação na África do Sul 2010. Como não poderia deixar de ser, o atacante do Chelsea participou da jogada do único gol da partida. Em seguida, anotou os dois tentos da vitória de virada sobre Benin pelas eliminatórias para a Copa Africana. E ainda teve mais: Drogba contribuiu com dois dos seis gols da Costa do Marfim na goleada de 6 a 2 sobre os mesmos beninenses no jogo do segundo turno.
  Os três pontos em Cotonou classificaram o país para o torneio continental que será disputado em janeiro de 2012, quando mais uma vez os habilidosos marfinenses terão sobre a si a pressão pela conquista de títulos. Até hoje o país só venceu a Copa Africana de Nações uma vez: em 1992, ao derrotar Gana na decisão por pênaltis.
Elenco talentoso
  
No recente confronto com a Itália, Drogba não pôde atuar, mas o plantel marfinense mostrou o seu valor. Na ausência do craque, Seydou Doumbia e Guy Demel fizeram ótima combinação na jogada do gol de Touré. Nos jogos das eliminatórias para a Copa Africana, os goleadores foram figuras bem conhecidas: Yaya Touré, Salomon Kalou, Emmanuel Eboué, Romaric, Didier Ya Konan, Gervinho e o jovem atacante Wilfried Bony, nascido na Holanda.
  Contando ainda com bons jogadores de marcação como Didier Zokora e Cheik Tiote, o técnico François Zahoui, sucessor de Sven Goran Eriksson, tem à disposição um grupo de grande talento. A comparação de Souleymane Coulibaly (até agora artilheiro do Mundial Sub-17, com nove gols em quatro jogos) com Drogba ainda é prematura, mas já reforça a sensação de que a alta qualidade será mantida na próxima geração.
  Zahoui vem trabalhando duro para manter o alto nível. O técnico e os jogadores também tiveram de enfrentar a instabilidade política do país, mas ele insiste que a seleção não saiu do caminho certo. "A minha principal motivação desde que assumi é formar um grupo homogêneo sem diferença entre jogadores titulares e reservas", afirmou o treinador em entrevista recente. "Tento fazer com que todos os jogadores tenham vontade de vencer para que eles aproveitem as chances. Esta é a seleção da Costa do Marfim, não há jogadores de segunda classe. Todos devem obrigatoriamente competir pela camisa em prol da alegria do público marfinense que torce por nós."
  Pelo que mostra o Ranking Mundial da FIFA/Coca-Cola, o trabalho de Zahoui está dando certo. Do 27º lugar em junho do ano passado, o país chegou ao 14º e é hoje o melhor do continente — uma classificação bem superior à de meados de 2004, quando os marfinenses patinavam na 75ª posição. Porém, para uma nação que produziu inúmeros jogadores de categoria internacional na última década, estar bem no ranking não é suficiente: o que vale é levantar troféus. A próxima tentativa está marcada para daqui a seis meses, na Copa Africana de Nações 2012.