As estrelas estão na Argentina
  Com os clubes em período de férias na Europa e em boa parte do mundo, um bocado de torcedores teme por um tempo de síndrome de abstinência, sentindo falta de ver em campo os grandes craques do mundo do futebol. Pois neste mês de julho não será bem assim, já que muita gente que brilhou intensamente nos últimos meses estará em plena ação durante a Copa América, que tem início neste dia primeiro de julho, na Argentina.

   Constatar isso não é nada difícil. Basta começar olhando a convocação de Sergio Batista para a anfitriã Argentina, cuja linha de ataque parece interminável, com gente como Ángel Di Maria, Carlos Tévez, artilheiro da Premier League 2010/11 com 20 gols ao lado do búlgaro Dimitar Berbatov, e, claro, o vencedor do FIFA Ballon d’Or 2010 e artilheiro da Liga dos Campeões da UEFA com o campeoníssimo Barcelona, Lionel Messi – alguém que, a despeito do sucesso gigantesco, ainda gera reticências entre os torcedores da albiceleste.

   “Messi deveria ter outro tipo de reconhecimento por tudo o que faz pela equipe, mas acho que ele vai conquistar isso dentro de campo”, garantiu Batista em entrevista às vésperas da estreia dos argentinos, na sexta-feira, diante da Bolívia. “Acho que ele vai fazer uma grande Copa América.”

Artilheiro de todo jeito
   E a lista de goleadores de grandes torneios que estarão defendendo seus países na disputa sul-americana ainda vai mais longe. Na Colômbia, por exemplo, não são poucas as esperanças depositadas em dois nomes fundamentais da brilhante campanha do FC Porto rumo ao título invicto do Campeonato Português, mais a Taça de Portugal e a UEFA Europa League: o meio-campista Fredy Guarín e o artilheiro da UEFA Europa League, Radamel Falcao Garcia. “É impossível não reconhecer o valor de Falcao”, diz o técnico colombiano Hernán Gómez. “É um atacante letal e efetivo, que marca diante da mínima oportunidade que tenha.”

   O que dizer, então, de uma seleção uruguaia que tem não apenas um, mas três nomes de peso em seu ataque? Os semifinalistas da Copa do Mundo da FIFA África do Sul 2010 continuam contando muito com o talento do Bola de Ouro adidas Diego Forlán, mas, desde a campanha histórica do ano passado, assistiram ao desenvolvimento de Luis Suarez, que se transferiu para o Liverpool, e sobretudo de Edinson Cavani – que anotou nada menos do que 26 gols na brilhante campanha do Napoli rumo à terceira colocação da Serie A italiana na temporada que acaba de se encerrar.

   Além de reviver a mística do Uruguai, a Copa do Mundo da FIFA serviu para ratificar o potencial de duas outras equipes sul-americanas: o Chile e o Paraguai. E, depois do Mundial, também os grandes nomes dessas seleções continuaram fazendo bonito mundo afora. O chileno Alexis Sánchez, por exemplo, foi uma das estrelas de outra surpresa da Serie A italiana, a Udinese. O baixinho anotou 12 gols e ajudou um bocado para que seu companheiro Antonio Di Natale se tornasse o artilheiro do campeonato. Agora, é a vez de fazer isso com a camisa da seleção chilena, sob o comando de Claudio Borghi.

   Da mesma forma, o Paraguai – que por pouco não eliminou a campeã mundial Espanha nas quartas de final da África do Sul 2010 – manteve intacta a base daquela equipe e ainda viu seu artilheiro Lucas Barrios evoluir ainda mais na última temporada da Bundesliga, em que foi o artilheiro do campeão Borussia Dortmund, marcando 16 gols.

Favoritos ou não, com craques

  O Brasil, por natureza um celeiro repleto de estrelas, vem passando por um momento de reformulação sob o comando do técnico Mano Menezes, que disputa na Argentina sua primeira competição oficial à frente da Seleção. Portanto, ao lado de gente que participou do ciclo que culminou com a África do Sul 2010 – como Daniel Alves, Lúcio, Robinho e Júlio César -, o treinador aposta muitas de suas fichas numa nova geração que tem como grandes expoentes Alexandre Pato, Paulo Henrique Ganso e, cada dia mais e mais, Neymar. Só neste último semestre, o santista foi artilheiro e grande destaque do Sul-Americano Sub-20 com o Brasil, levou o Santos aos títulos do Campeonato Paulista e da Copa Libertadores da América e, com isso, virou titular e peça fundamental da Seleção principal.

  Isso tudo apenas aos 19 anos. O que leva Mano Menezes a pedir calma. “A Seleção não depende do Neymar tanto quanto o Santos. Temos jogadores de alto nível capazes de compartilhar essa responsabilidade. Não tenho a preocupação de ele não ser na Seleção o que vem sendo no Santos.”

   Mas, para além disso, dos nomes mais evidentes, onde quer que se olhe na Copa América é possível encontrar uma peça de destaque. O México, mesmo enviando uma equipe alternativa, porque acaba de disputar a Copa Ouro, tem em seus quadros Giovani dos Santos. A Venezuela vê seu futebol caminhar a passos largos, e o principal exemplo desse desenvolvimento é José Salomón Rondon, autor de 14 gols na liga espanhola 2010-11 pelo Málaga. O Equador tem a habilidade do ponteiro do Manchester United Luis Antonio Valencia... Quem estiver sentindo falta dos grandes nomes que movimentaram a última temporada já sabe bem para onde olhar nas próximas três semanas.